Valorização do Caminho de Santiago com apoio do Governo

Eixo Atlântico satisfeito com a adesão do ministro João Soares à ideia da candidatura do caminho português à Unesco.

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Algumas autarquias do Norte já estão a investir no arranjo e sinalização dos caminhos PAULO PIMENTA

A direcção do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular anunciou esta terça-feira ter garantido o apoio do ministro da Cultura português, João Soares, aos esforços de valorização do Caminho Português de Santiago, que pretende ver classificado pela UNESCO até ao próximo ano Jacobeu, que se celebra em 2021. Nos últimos anos, os municípios do Norte de Portugal e da Galiza têm dado prioridade a este projecto e encomendaram mesmo ao arquitecto Rui Ramos Loza um estudo sobre a viabilidade desta intenção.

Em comunicado, o Eixo Atlântico dá conta de que nos próximos dias será agenda uma reunião entre representantes desta associação de municípios transfronteiriça, o Ministério da Cultura português, elementos da tutela da Economia e do Turismo e do Governo Regional da Galiza para articulação dos próximos passos a dar nesta caminhada. À semelhança do que acontece com o Caminho Francês, os percursos portugueses do caminho até Compostela terão de ser alvo de uma proposta que incluirá, sempre, Espanha.

No documento que está a servir de base a este trabalho, Rui Ramos Loza assinala que uma candidatura à Unesco terá de apostar no valor imaterial, simbólico, do Caminho (ou caminhos, no fundo), mas incluirá sempre uma vertente material, ligada aos espaços percorridos. E neste estudo, o arquitecto admite mesmo que a entrada deste património nas listas da Unesco pode passar pelo alargamento da classificação já existente para o Caminho Francês, em vez de implicar uma nova candidatura. Certo, avisa, é que em Portugal terá de ser criada uma entidade para gerir os caminhos, dando-lhe a unidade que, actualmente, não têm.

Neste momento o Eixo Atlântico está a inventariar todo o património existente nos municípios com percursos reconhecidamente percorridos por peregrinos a caminho de Santiago. Em Portugal, cidades como Braga, e áreas já classificadas pela UNESCO como o centro histórico do Porto, de Guimarães, e o Alto Douro Vinhateiro são atravessadas por quem se dirige à catedral erguida em honra do apóstolo Tiago. Nos últimos anos, parte dos turistas que procura o Norte de Portugal viaja vom o objectivo de iniciar na região uma peregrinação para a qual faltam condições, apesar do esforço das autarquias que têm vindo, por exemplo, a propor alternativas em troços demasiado urbanizados, a melhorar a sinalização e a construir albergues. O último foi inaugurado recentemente em Vila do Conde.

Na reunião, que decorreu esta terça-feira em Lisboa, o presidente do Eixo Atlântico, Ricardo Rio sublinhou a importância do Caminho considerando-o um dos maiores recursos turísticos da região Norte e de todo o país. “Do lado português, nunca foram feitos esforços para valorizar e promover os Caminhos de Santiago”, lembrou o também autarca de Braga, admitindo que a classificação vai conferir maior atractividade ao percurso, à semelhança do que sucede com o Caminho Francês.

Numa nota à imprensa, o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Mao,  manifestou-se satisfeito com a posição do Governo português em relação a este projecto e elogiou também outras decisões do executivo liderado por António Costa. “O novo Governo português desbloqueou, em quatro meses, dois importantes dossiers para a região, o do Caminho e o das infra-estruturas”, notou, referindo-se ao lançamento, em Fevereiro, do concurso para a electrificação da Linha do Minho, que vai melhorar a ligação à Galiza. A existência de conexões ferroviárias de qualidade é mais um aliciante para quem queira percorrer o caminho, assinalou. 

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