Fotografia

Na praia ou na sala de estar? A verdade da “mentira” do confinamento de Alison

In Spirit, uma colecção de auto-retratos realizados por Alison Luntz em tempo de pandemia, revela uma "mentira" fotográfica que faz questionar as fronteiras do que é real e imaginado na fotografia.

©Alison Luntz
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©Alison Luntz

"Nunca tive intenção de que isto se tornasse uma série de imagens", refere a fotógrafa nova-iorquina Alison Luntz, em entrevista ao P3. "Mas depois de publicar a primeira no Instagram, por mera brincadeira, a reacção foi tão positiva que me senti tentada a continuar."

In Spirit nasceu durante a pandemia, quando Alison se retratou junto a uma imagem de uma paisagem escocesa de grandes dimensões que tinha na sua sala de estar, em Brooklyn. Vestiu-se a preceito — abrigada do frio e do vento que a fotografia sugeria existir no local —, preparou a iluminação para simular a luz que sobre si incidiria e fez um auto-retrato. Ou melhor, dois: um com a "mentira" de estar na Escócia, outro com o contexto em que realmente se encontrava. "Ao posar diante das minhas próprias fotografias — instantâneos, memórias com granulado de filmes, colagens — consigo transportar-me para junto de lugares, pessoas e sensações que me foram vedadas durante o confinamento."

Assim, Alison pôde sentir "a liberdade de nadar no mar" ou "o conforto de estar na presença de alguém querido". Nas imagens fundem-se dois tempos fotográficos num só, criam-se novas interacções, novas narrativas. "Consigo transformar algo impossível numa realidade fotográfica", reflecte. "Ao criar uma imagem que poderia ser real, transporto-me até ao local, em espírito." Alison nunca tinha, até ter dado início à sérieexperienciado realizar auto-retratos. "Não tinha mais ninguém para fotografar, não tinha outra opção. Mas foi uma experiência exigente." A fotógrafa teve de desdobrar-se e iluminar, enquadrar, posar e controlar o disparo por controlo remoto. Agora em desconfinamento, por sentir falta de contacto humano, deseja estender o projecto e começar a fotografar outras pessoas sobre outros cenários bidimensionais. 

"Existe algo de universal neste projecto", conclui. "É significativo para mim e para muitas pessoas de todo o mundo, que me contactaram através das redes a propósito dele. Há algo real, verdadeiro, que as pessoas reconhecem nele por terem atravessado, como eu, o período de confinamento isoladas."

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