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Os enigmáticos edifícios abandonados em Itália
Um estádio de pólo com capacidade para 20 mil espectadores, uma piscina olímpica, um parque de estacionamento de quatro andares, escadas rolantes que levam a lado nenhum, um túnel que começa mas não acaba, uma escola secundária, um apeadeiro ferroviário e um cais. Inacabados e deixados ao Deus dará, por entre o mato que cresce, bravio, prados verdejantes ou as ondas do mar. Foi durante uma viagem à Sicília, no verão de 2006, que o fotógrafo Andrea Masu viu pela primeira vez estes edifícios inacabados que retrata agora no livro Incompiuto: O nascimento de um estilo.
Incompiuto resulta de 10 anos de pesquisa, mapeamento e estudo de mais de 750 ruinas contemporâneas por todo o território italiano (350 só na Sicília), pelos membros da equipa Alterazioni Video — Andrea Masu, Paololuca Barbieri Marchi, Alberto Caffarelli, Matteo Erenbourg e Giacomo Porfiri. Nem o próprio governo italiano sabe ao certo quantos obras abandonadas existem, mas o grupo acredita que sejam mais de mil.
Suspensas no tempo, estas construções são o que resta da época pós-Segunda Guerra Mundial em que o governo italiano quis desenvolver as obras públicas para despertar a economia local. As injecções de capital, primeiro através do Plano Marshall, depois da parte da CEE (Comunidade Económica Europeia), resultaram num “boom” de infra-estruturas que nunca foram concluídas. O sentimento de crescimento económico deu a Itália alguma tranquilidade financeira, que despertou a imaginação e exuberância da população.
Erros de projecto, a regulamentação legal ou falências levaram a que centenas de edifícios por todo país não fossem terminados. Em alguns casos, o cimento já se confunde com a paisagem natural ao redor. Outros edifícios receberam uma nova vida e foram transformados em parques de skate ou abrigos para a crescente população migrante.