Doel - uma pequena vila dos arredores de Antuérpia - é um local perdido entre os duros contrastes de uma expansão industrial, que conheceu o seu fim mais cedo do que o esperado, e a recomendação europeia para a "construção artificial de uma reserva natural". Um contraste entre a megalomania industrial e a natureza forçada! A fotógrafa holandesa Isabelle Pateer, na sua série “Unsettled", explorou a ideia de um progresso industrial que se sobrepõe aos interesses da população e da sua consequente perda de identidade e de herança cultural. A artista, que cresceu a poucos quilómetros de Doel, conhece bem esta realidade, que se encontra a documentar desde 2007, sendo ela própria uma testemunha das grandes mudanças das últimas décadas. Estas transformações motivaram-na a contar a história da vila como espelho de uma tendência global assente numa lógica económica mais destruídora que construtiva. Ao P3, a fotógrafa disse ter procurado "imagens mais indirectas, imagens silenciosas que respirassem e que permitissem ao público reflectir sobre o que se passou em Doel de forma mais alargada e para lá das notícias do dia." A nostalgia destas imagens é tão sussurrada quanto emocional. J.M.