Um presidente do júri chamado George Miller

O realizador de Mad Max e argumentista de Um Porquinho Chamado Babe lidera a equipa de jurados da edição 69.ª do Festival de Cannes, entre 11 e 22 de Maio.

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A direcção do festival destaca no comunicado em que anuncia Miller, 70 anos, como presidente do júri, a obra ecléctica, inventiva e audaz

Cannes 69 tem presidente do júri, o realizador australiano George Miller. “Que imenso prazer! Estar no coração deste festival carregado de história que exibe as jóias do cinema mundial, debater apaixonadamente com os meus companheiros do júri, é uma grande honra. Não perderei isso por nada deste mundo”.

Um círculo fecha-se, de alguma forma: há um ano, Mad Max: Fury Road, projectado na 68ª edição do festival fora de concurso, começaria na Croisette a sua cavalgada fantástica e algo surpreendente: não se poderia prever nessa altura que o regresso de Max Rockatansky, agora com o corpo de Tom Hardy e sobretudo com uma tomada de posse feminista, via Charlize Theron, seria não só um sucesso comercial como um darling das listas do ano de várias associações de críticos e de publicações especializadas; é hoje o segundo filme mais nomeado para os Óscares (10, O Renascido, tem 12), arriscando, por isso, ser o filme do ano para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A 69ª edição de Cannes, que se realiza de 11 a 22 de Maio, reclama um pouco dessa responsabilidade – como se tivesse feito o seu trabalho para colocar o nome de Miller na categoria dos “visionários” a reavaliar.

Originário de Queensland, foi um dos nomes da vaga do cinema australiano dos anos 80, ao lado de Peter Weir, Bruce Beresford ou Phillip Noyce, os anos em que o mundo e Hollywood conheceram Mel Gibson. Gallipoli, de Peter Weir, em 1981, valeu ao actor o seu primeiro agente americano, mas foi em 1979 que Mad Max, de Miller, o revelou. Assim nascia uma saga gótica e pós-apocalítptica, que juntava o road movie, o western e a ficção científica, um híbrido de Austrália e de América e dos respectivos sotaques. Deu origem a mais duas sequelas com Gibson, The Road Warrior (1981) e Mad Max Beyond Thunderdome (1985).

Miller cruzar-se-ia em Hollywood com a “nata” do sistema dos anos 80 – esteve ao lado de John Landis, Steven Spielberg e Joe Dante em Twilight Zone: The Movie -, dirigiu As Bruxas de Eastwick em 1987 e foi argumentista de Um Porquinho Chamado Babe, realizado por Chris Noonan – filme nomeado para os Óscares, que ninguém se esqueça, e foram sete nomeações, entre as quais a de melhor filme e melhor argumento. Já é um realizador de filme oscarizado: Happy Feet (2006), na categoria de animação. Chamem-lhe ecletismo, se quiserem, é isso, aliás, que a direcção do festival destaca no comunicado em que anuncia Miller, 70 anos, como presidente do júri: a obra ecléctica, inventiva e audaz, foram esses os adjectivos utilizados, na “grande de tradição do cinema de género” – e é isso que o festival quer honrar com a escolha.

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