Um Natal inesperado e outro desarrumado
Duas histórias protagonizadas por animais, como as crianças gostam. E sobre o Natal, que gostam ainda mais. Com o talento de Benjamin Chaud e de Ian Falconer.
O Pequeno Urso é uma personagem criada por Benjamin Chaud que já conta com muitas aventuras editadas em Portugal. Todas com grande êxito entre os mais novos e os outros, mesmo os que não têm crianças a cargo. Eis um bom critério para aferir da qualidade de um livro “para” crianças.
As ilustrações são muito ricas em pormenores e convidam à observação atenta dos vários elementos transpostos da narrativa para a imagem. Outros há que nem constam da história verbalizada, numa representação visual livre e amplificada, que neste livro culmina num pop-up de um pinheiro de Natal. Bonito e inesperado.
A história: o Pequeno Urso construiu uma cabana, com um telhado onde pôs o que pensava ser um pára-raios. Uma guaxinim apropriou-se dele numa breve ausência sua, quando partiu em busca de uma almofada. Fazia-lhe falta.
“Ei! Devolve-me o meu telhado! — Mas a ladra mascarada já fugiu entre os arbustos.”
Segue-se uma perseguição pela floresta, subsolo, troncos ocos de árvores, até que o urso chega ao topo de um pinheiro muito alto, onde vê a guaxinim a proteger um passarinho abandonado com aquilo que roubou…
“— Toma, meu piu-piu, com isto ficas protegido da chuva.” “— E dos raios — acrescenta o Pequeno Urso.” “— Olha, Pequeno Urso… Isto, no telhado, é um cata-vento e não um pára-raios!”
Os equívocos envergonham o urso, sobretudo o de pensar que a guaxinim era “uma ladra”. Apercebeu-se então de que o que lhe fazia falta não era a almofada, mas alguém com quem a partilhar.
No site da editora Orfeu Negro, informa-se que Benjamin Chaud estudou Desenho e Artes Decorativas em Paris e Estrasburgo e já ilustrou mais de 60 livros.
Recebeu a Medalha de Ouro da New York Society of Illustrators e foi nomeado para o Astrid Lindgren Memorial Award.
“É internacionalmente reconhecido pelo sentido de humor insólito e pelo detalhe das suas ilustrações em grande formato.”
As trapalhadas da Olivia
Noutro registo, a famosa porquinha Olivia quer muito ajudar a preparar o Natal.
Além da impaciência, que a faz enfiar o nariz na chaminé muitas horas antes da chegada prevista do Pai Natal, enrola-se nas luzes que deviam iluminar a árvore.
Ian Falconer, que se inspirava nos sobrinhos para as suas personagens, morreu em 2023 nos Estados Unidos, aos 63 anos. No ano anterior, tinha publicado Two Dogs, a história dos cães-salsicha Augie e Perry.
Assinou títulos como Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque... ou Cheguei Atrasado à Escola Porque… em parceria com Davide Cali. Era também ilustrador da The New Yorker.
É claro que, neste livro, a personagem não se fica apenas pelas peripécias já descritas. Para criar uma pequena árvore na mesa de jantar, Olivia destruiu a árvore principal.
Mais: depois de ela e os irmãos abrirem os presentes, quis dar um da sua autoria aos pais. Não desvendaremos qual, mas era muito pouco palpitante.
Feliz Natal. Com livros, claro.