Sobem para 130 as mortes durante os protestos em Moçambique
Organização não-governamental actualizou para 130 as mortes durante os protestos em Moçambique. Quase 400 pessoas foram baleadas. Morte de jovem em directo no Facebook intensificou as manifestações.
Pelo menos 130 pessoas morreram e 385 foram baleadas durante os intensos protestos que eclodiram em Moçambique contra os resultados obtidos nas eleições a 9 de Outubro. Os números foram estimados este domingo, 15 de Dezembro, pela Plataforma Eleitoral Decide, uma organização não-governamental (ONG) moçambicana que monitoriza os processos eleitorais no país.
A mesma organização registou, até este domingo, um total de 3636 detidos, cinco pessoas desaparecidas e mais de 2000 feridos durante as contestações populares aos resultados das eleições de há dois meses, convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane. A ida às urnas resultou na vitória, com 70,67% dos votos, de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o partido que está no poder. Esses resultados têm de ser validados pelo Conselho Constitucional até 23 de Dezembro.
Uma das vítimas mortais é um jovem que foi atacado enquanto transmitia em directo no Facebook as imagens de operações policiais na fronteira de Ressano Garcia, em que os agentes dispararam contra a população para dispersar os manifestantes. No vídeo ainda se pode ouvir o jovem, produtor de conteúdos nas redes sociais, a dizer que estava a morrer. O episódio inflamou ainda mais os protestos e motivou novas manifestações durante o funeral.
A 6 de Dezembro, há menos de 10 dias, a Plataforma Eleitoral Decide contabilizava pelo menos 88 mortos e 274 pessoas baleadas durante as manifestações e paralisações. São agora mais 42 vítimas mortais e 111 feridos do que nesse último balanço; e é expectável que esse número venha a aumentar. As autoridades afirmam que há menores e pessoas incapacitadas nas manifestações, mas não apresentou provas disso.
As manifestações acontecem numa altura em que Moçambique está a ser atingido pelo ciclone Chido, sobretudo na região Norte. A tempestade deve afectar cerca de 2,5 milhões de pessoas, sobretudo nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, já depois de ter deixado um rasto de destruição na ilha francesa de Mayotte, no oceano Índico.