A importância dos assistentes operacionais nas escolas
Parecem quase invisíveis quando tudo funciona, mas quando eles não estão lá, não há como a escola funcionar.
Os assistentes operacionais (AO) continuam a fazer greve. Há escolas com maior ou menor adesão, mas algumas têm fechado alguns dias desde que o ano letivo começou. E parece que desde há uns tempos para cá, quase todos os setores de atividade que se sentem injustiçados no exercício da sua profissão puseram em prática formas de luta para reivindicar os seus direitos.
No caso dos assistentes operacionais — que fazem muito mais do que ficarem sentados a uma secretária, num corredor da escola a ler as suas revistas —, lutam por uma carreira, que não existe neste momento. Ganham todos pouco mais do que o ordenado mínimo, os que já lá estão desde sempre e os que acabaram de chegar à profissão.
Quem está na escola sabe como eles são essenciais para a vida dos alunos, para o trabalho do professor e para a vida da escola. Tem, na verdade, diversas funções: desde a regulação dos recreios, onde a sua presença é de extrema importância na vigilância e prevenção de situações crítica, como o bullying e casos de violência. Um exemplo: o recreio da minha escola fica paredes meias com umas hortas urbanas. Há uns dias, estavam uns alunos a atirar pedras a um senhor que estava a cuidar da sua horta. A intervenção da AO foi oportuna e de extrema importância para que nada de grave pudesse acontecer. Chegou a tempo.
Para além dos recreios, apoiam nas refeições, em alguns trabalhos administrativos, nas limpezas, no acolhimento de quem chega à escola, incluindo os professores, ouvem os alunos naquilo que eles, muitas vezes, não contam aos professores e diretores de turma, dão apoio aos docentes de variadíssimas maneiras e contribuem muito para a organização da escola.
Parecem quase invisíveis quando tudo funciona, mas quando eles não estão lá, não há como a escola funcionar.
Desde que o ano letivo começou, em algumas escolas mais do que o equivalente a uma semana de aulas, foi de greve dos assistentes operacionais. Os alunos são prejudicados, pois as matérias não avançam e se os saberes estão organizados em espiral, no caso de anos de exame o prejuízo é maior.
Os AO reclamam por comparação aos professores, pois se estes conseguiram recuperar aquilo por que lutaram, eles também irão conseguir. Querem ganhar melhor, ser mais em número, pois não têm mãos a medir nas escolas, e ter uma carreira profissional.
A gestão da ação destes profissionais está a cargo das autarquias, de acordo com o Decreto-Lei n.º 21/2019, de 30 de janeiro.
É do entrelaçamento de funções e corresponsabilidade que se faz a escola. Cada um tem a sua função que toca e impacta a do outro tornando-a mais significativa e relevante. Os assistentes operacionais fazem sentido na escola e do seu trabalho depende um sem número de funções sem as quais o dia-a-dia não consegue realizar-se. Só damos conta quando não estão lá, quando faltam, ao ponto de as escolas fecharem quando fazem greve.
A forma de revindicação encontrada tem sido a greve. Tem impactado muita gente? Sim, muitas escolas têm fechado nos dias em que os AO fazem greve. Tem tido muita visibilidade? Nem por isso. Não tem sido muitas as notícias sobre o assunto, a não ser quando há reações de outros, como por exemplo, dos pais e encarregados de educação. O que têm feito os que são diretamente responsáveis pelo assunto, Ministério da Educação, câmaras municipais e juntas de freguesia? Nada, que se saiba. E porque é que as greves têm sido às sextas-feiras e segundas-feiras? Certamente para juntar com o fim-de-semana. Haverá outro motivo? Não sabemos.
Os motivos das revindicações são sempre justos para quem está implicado. O propósito é que seja visível e que tenha impacto na vida dos outros. Quando toca aos alunos, fico sempre com reservas. É tempo que não se recupera no ano letivo, e sempre nos mesmos dias, afeta sempre os mesmos e as mesmas disciplinas. Haja criatividade!
A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990