Editores querem crianças a ler livros e textos longos pois assim se defende a democracia

Manifesto de Liubliana sobre a importância das competências superiores de leitura é publicado esta terça-feira, juntando editores e jornais europeus, incluindo o PÚBLICO.

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A educação para a leitura é fundamental, defendem os subscritores do manifesto publicado em vários países Adriano Miranda
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Editores de livros de toda a Europa publicam esta terça-feira um manifesto em que apelam à educação e à promoção da leitura de nível superior – sobretudo os textos longos, como os livros – como instrumentos para promover não só o desenvolvimento pessoal e a participação social, mas também para defender a própria democracia. A iniciativa junta editores e jornais europeus, incluindo o PÚBLICO.

O Manifesto de Liubliana considera a leitura de nível superior como “a ferramenta mais poderosa para desenvolver o pensamento crítico e analítico”. Explicam os seus subscritores – num documento que o PÚBLICO divulga na íntegra – que estes textos são capazes de exercitar “a metacognição e a paciência cognitiva”, expandir “as capacidades conceptuais”, bem como treinar “a empatia cognitiva e a capacidade de criar perspectiva, competências sociais indispensáveis para sermos cidadãos informados numa sociedade democrática”.

A necessidade de promoção da leitura é relacionada pelos signatários com os desafios criados pela era digital e com a própria defesa da democracia. “Para participarmos como cidadãos informados numa sociedade democrática, precisamos de competências e práticas de leitura de nível superior que vão muito além da mera descodificação de textos”, defendem.

E continuam: “O futuro da leitura afecta o futuro das nossas sociedades. Uma sociedade democrática, baseada num consenso informado entre os vários intervenientes, só pode ser bem-sucedida com leitores resilientes, bem versados na leitura de nível superior”. A leitura não só é a “principal via para o desenvolvimento pessoal”, “mas é também uma dimensão central da interacção e da participação social”, lê-se ainda no manifesto.

“São sobretudo os textos longos, como os livros, que aperfeiçoam as nossas capacidades de leitura de alto nível”, defendem os signatários. São esses textos que nos treinam a “testar diferentes interpretações, a detectar contradições, preconceitos e erros lógicos”, bem como a “estabelecer as ligações sofisticadas e frágeis entre textos e contextos culturais de que necessitamos para a partilha de juízos de valor e emoções humanas”.

Por isso, editores e jornais europeus apelam “a que a educação e a promoção da leitura, juntamente com a avaliação e a investigação, reconheçam a importância da leitura de nível superior como uma capacidade que molda a vida e a sociedade”.

A educação para a leitura e a promoção da leitura devem ir “além do ensino de competências funcionais e informativas básicas às crianças em idade escolar”, consideram. Do mesmo modo, a avaliação da leitura também “deve ir além dos testes estandardizados e incluir dados qualitativos e descritivos”, de modo a fornecer um diagnóstico pormenorizado do estado da leitura de nível superior nas nossas sociedades.

Este manifesto foi publicado nesta terça-feira em jornais europeus, incluindo o PÚBLICO e é subscrito pela Associação Internacional de Editores, Academia Alemã de Língua e Literatura, Federação dos Editores Europeus, EU-READ, Consórcio de organizações europeias de promoção da leitura, PEN Internacional, Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e Conselho Internacional dos Livros para Jovens​.

O manifesto será apresentado na Feira do Livro de Frankfurt que decorre de 18 a 22 de Outubro.

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