Kim Novak para o Natal, Alice Rohrwacher para Janeiro: o Batalha nos próximos meses
Um Natal Remix de Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares após Kim Novak e os gatos, uma retrospectiva dedicada à cineasta italiana, um ciclo em torno da mitologia: Dezembro e Janeiro no Batalha.
Filmes de Apichatpong Weerasethakul, Federico Fellini, João César Monteiro, John Ford, Paz Encina, Samira Makhmalbaf e Satyajit Ray, entre outros, estão a dar forma, desde 4 de Dezembro e até 25 de Janeiro, ao ciclo Mitologias: Lugares Sagrados, Tempos Míticos, nova proposta do Batalha - Centro de Cinema, no Porto. Com curadoria de Eduarda Neves (professora de teoria e crítica da arte contemporânea), Maximiliano Cruz (director artístico do FICUNAM/México) e Ricardo Braun (dramaturgo e encenador), o programa reflecte sobre crenças e mitos, a forma como eles moldam as sociedades, influenciam os comportamentos, as instituições e a identidade colectiva.
Começam daqui a ver-se, então, títulos como Veredas, Tropical Malady, E la Nava Va ou Stagecoah — ou, estreado na Quinzena dos Cineastas de Cannes, o misterioso The Dam, do artista visual libanês Ali Cherri que estará no Batalha para uma conversa sobre o seu filme — e com eles uma programação para os meses de Dezembro e Janeiro da instituição. Na sua fase final da retrospectiva que no Batalha tem sido dedicada a Nagisa Ōshima são apresentados os três últimos títulos, que na verdade são dos iniciais do cineasta japonês: Sing a Song of Sex (dia 7, sessão que inclui uma palestra de Lúcia Nagib, Sexualidade e Violência no Cinema de Nagisa Oshima), The Catch (dia 14 e 18), Noite e Nevoeiro no Japão (incontornável, dia 20).
Começará outra retrospectiva, Alice Rohrwacher: Contos Maravilhosos, em parceria com o Porto/Post/Doc. Serão apresentadas todas as longas e uma selecção de curtas da cineasta italiana, entre 15 de Janeiro e 27 de Fevereiro. Pouco mais de uma década de carreira e já um distinto corpo de trabalho.
Perto do Natal, a 21 de Dezembro, Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares voltam a juntar-se para celebrar a quadra com uma performance especial ao vivo, Natal Remix. Antes da exibição de Bell, Book and Candle - Sortilégio de Amor, de Richard Quine (1958), com o feitiço, e os gatos, de Kim Novak — e a Novak de Quine é diversa da Novak de Vertigo, de Hitchcock — a dupla vai emprestar a voz a um conjunto de filmes de arquivo sobre o Natal resgatados do baú e que serão dobrados ao vivo para o público do Batalha.
O centenário de Alexandre O'Neill vai ser assinalado a 19 de Dezembro com Um Filme em Forma de Assim, de João Botelho, antecedida por uma conversa com o realizador e Rui Lage (escritor), e declamação por Francisca Camelo (poeta) e Rui Reininho (músico). Já o centenário Gilles Deleuze é assinalado a 18 de Janeiro com uma palestra de José Gil (filósofo e ensaísta) e Nuno Crespo (investigador e crítico de arte), seguida da exibição de The Thoughts That Once We Had, ensaio de Thom Andersen sobre os escritos de Deleuze, com espaço para excertos de filmes de Griffith, Stroheim, Laurel e Hardy ou Pedro Costa.
Tesouros do Arquivo propõe a (re)descoberta das últimas obras restauradas por importantes laboratórios, arquivos e cinematecas. Entre 27 de Dezembro e 5 de Janeiro, o mote é: “Crime, disseram…”, diferentes abordagens ao crime e histórias de criminosos no cinema, com a complexidade moral das personagens. Os filmes são de Luca Guadagnino, Idrissa Ouédraogo, Elaine May (o espantoso Mikey and Nicky, com John Cassavetes e Peter Falk), Carlos Reygadas, Ester Krumbachová, Hong Sang-soo e Fritz Lang (o tremendo The Big Heat).
A 6 de Dezembro, o artista visual norte-americano Tony Cokes estará no Batalha para a exposição Testament E: MF.slow.cancel.2014, numa noite em que o público poderá embarcar numa viagem visual e sónica única pela obra do artista. É a primeira exposição a solo em Portugal de Tony Cokes, vai ser apresentada até 16 de Fevereiro, e inclui uma nova obra criada especialmente para a apresentação no Porto.