A Filmoteca do Batalha devolve ao Porto as imagens do seu passado

Acervo fílmico digitalizado da câmara municipal é disponibilizado gratuitamente na filmoteca do novo Centro de Cinema. Inclui filmes de Manoel de Oliveira, António Reis ou Sério Fernandes.

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Festas de São João em 1983 cortesia batalha centro de cinema
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Painéis do Porto, filme de 1963 de António Reis cortesia batalha centro de cinema
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Sinfonia duma Cidade, de 1976, documentário de César Guerra Leal,Sinfonia duma Cidade, de 1976, documentário de César Guerra Leal cortesia batalha centro de cinema,cortesia batalha centro de cinema
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Ruas da Sé do Porto cortesia batalha centro de cinema
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A Filmoteca do portuense Batalha Centro de Cinema recebe esta quinta-feira 66 novos títulos oriundos do património municipal da cidade: um conjunto de documentários produzidos entre 1952 e 1983, maioritariamente em 35mm e que reflectem momentos da vida da Invicta, desde visitas de dignitários a inaugurações (da Ponte da Arrábida, em 1963, ou do Pavilhão dos Desportos, agora Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota), passando por exposições e ocasiões festivas.

A colecção inclui ainda um grupo de 17 filmes amadores, de autor não identificado, rodados entre 1962 e 1972, e o documentário de 1970 A Propósito da Inauguração de Uma Estátua — supervisionado e montado por Manoel de Oliveira e dirigido por Artur Moura, António Lopes Fernandes e Albino Baganha sobre a inauguração da estátua equestre de Vímara Peres.

Os filmes agora disponibilizados correspondem à totalidade da colecção em posse do município portuense e que o Arquivo Histórico Municipal digitalizou ao longo dos últimos anos. São, em muitos casos, imagens rodadas para jornais de actualidades (como Voga, Cine-Jornal ou Imagens de Portugal) e exibidos como complemento em sessões de cinema. Parte do material foi encomendado pela Câmara Municipal do Porto e é assinado por autores anónimos — à excepção de um punhado de títulos atribuídos a figuras conhecidas do cinema, como Manoel de Oliveira e António Reis (o já conhecido Painéis do Porto, de 1963), Sério Fernandes (autor do filme Chico Fininho), ou o prolífero produtor César Guerra Leal.

Guilherme Blanc, director artístico do Batalha Centro de Cinema, diz ao PÚBLICO que a disponibilização livre e gratuita destes títulos na Filmoteca corresponde ao trabalho de “procura, pesquisa e integração” que é uma das atribuições do espaço reaberto em Dezembro de 2022. O trabalho de identificação e digitalização destes títulos já estava em curso no Arquivo Histórico, ao qual a câmara entregara o material há vários anos, e chegou ao conhecimento da equipa do Batalha precisamente durante a sua busca de imagens relativas à cidade em arquivos institucionais ou pessoais; ao Batalha cabe “dinamizar, do ponto de vista programático e de disponibilização pública”, o património existente encontrado.

Essa é uma das linhas condutoras do Batalha: “Um projecto inscrito na cidade, que também tem este propósito de relação com a prática do cinema no Porto, ao longo das décadas, pelos seus cineastas ou pelos cineastas de fora.” É aí que se inscrevem estes títulos: num trabalho de documentação de memória da cidade, que pode ter paralelos com o trabalho feito pela Cinemateca Portuguesa (em cujo acervo, aliás, alguns destes títulos também existem), mas que é “mais circunscrito” ao Porto e à sua vivência.

Para Guilherme Blanc, a disponibilização destas quase sete dezenas de filmes é também importante para amplificar o trabalho “silencioso” levado a cabo nos bastidores da Filmoteca gerida por Rodrigo Affreixo. “Estivemos a compor um núcleo de filmes suficientemente expressivo para que, a dado momento, o possamos trabalhar de uma forma pública”, explica o director do Batalha. Para lá de outros títulos cuja produção o centro de cinema portuense apoiou ou impulsionou, Blanc adianta: “[Há que] criar um corpo de filmes necessário para ter potencial de dinamização, para podermos dizer às pessoas: está aqui uma filmoteca, há aqui um conjunto de filmes alargado, com interesse, do qual podem vir usufruir.”

Os títulos agora acrescentados, elevando o acervo a 170 obras, vêm dar “massa crítica” ao esforço da Filmoteca, permitindo programar “com outro conforto” e perceber também qual o seu potencial de público. O director artístico refere, aliás, a existência de planos futuros para mostrar alguns destes filmes fora do cinema, espalhando-os por lojas, cafés e outros espaços da Praça da Batalha.

Para já, a colecção da Câmara Municipal do Porto poderá ser vista gratuitamente no espaço da Filmoteca e Biblioteca, no primeiro piso do edifício projectado por Artur Andrade e recuperado por Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, de terça a sábado entre as 11h e as 19h.

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