Arquitectura
Esta casa na aldeia é uma escultura em betão com vista para a Serra do Marão
A Casa em Vila Real foi construída com betão e telhados inclinados que homenageiam as antigas casas da aldeia de Constantim. A construção foi "esticada" até ao final do terreno para aproveitar a vista.
É uma casa na aldeia, mas com uma construção diferente das casas de pedra mais típicas. O terreno estreito, inclinado e comprido, fica na aldeia de Constantim, em Vila Real. Os proprietários, naturais da região, decidiram que seria perfeito para construir uma casa para a vida — desde logo pela vista para a Serra do Marão.
“A parte junto à estrada é estreita e o cliente queria construir a casa na melhor parte do lote, ou seja, no fundo, que é maior. Para resolver este problema lembramo-nos de fazer um pátio de chegada e esticar a construção até onde nos interessava com dois grandes muros verticais”, explica ao P3 o arquitecto Pedro Soares, da Azo Arquitectos.
O pátio foi projectado para respeitar as regras da câmara municipal que exigia que a construção começasse no início do terreno, mas acabou também por conferir um “ambiente mais cénico ao local”. Já a casa, que Pedro Soares descreve como “peculiar”, foi erguida como uma “composição escultórica" que se moldou à configuração do terreno.
“Divide-se em dois volumes que se intersectam e abrem para a Serra do Marão”, completa.
A pensar nesta paisagem foi decidida a localização da entrada, cozinha, sala de estar e, principalmente, da piscina e do jardim. Os quatro quartos e escritório ficam no primeiro piso.
Segundo o arquitecto, vista por dentro, a Casa em Vila Real é feita de “materiais nobres e naturais que vão envelhecer com o passar do tempo”. Além da pedra, saltam à vista as madeiras nas carpintarias e o estanho no reboco das paredes, material esteticamente semelhante ao betão. No entanto, é no exterior que se nota a fusão entre a arquitectura contemporânea, através do betão, e tradicional portuguesa, com a inclinação das coberturas.
“Os telhados locais têm muito esta cobertura inclinada de telha. Existe também o detalhe das portadas nas janelas dos quartos que é uma referência à construção de espigueiros com tábuas de madeira verticais utilizadas para ventilar o espaço. São inspirações que contribuíram para a escultura visual da casa”, explica.
A Casa em Vila Real ficou concluída no início de 2024. Nas palavras de Pedro Soares, o projecto do atelier Azo Sequeira Arquitectos conseguiu ser mais do que uma construção nova numa aldeia.