Criado fundo de emergência para ajudar Gaza a proteger o seu património cultural

Fundo é de um milhão de euros e foi criado pela Aliph Foundation, uma ONG suíça. Avaliações de danos estão a ser feitas com organizações do território e em coordenação com a UNESCO.

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Um homem palestiniano fita os danos causados por um ataque israelita a uma mesquita em Gaza, em Novembro de 2023 Ibraheem Abu Mustafa/REUTERS
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A Aliph Foundation, uma organização não-governamental (ONG) suíça que tem como missão proteger o património de áreas de conflito ou pós-conflito, criou um fundo de emergência de um milhão de euros para ajudar a comunidade palestiniana a preservar a sua herança cultural, segundo revela o jornal The Art Newspaper. “Especialistas em Gaza estão a evacuar artefactos, documentar os danos em locais históricos e treinar entusiastas da cultura para estes também poderem ajudar aos trabalhos de preservação”, escreve, esta quinta-feira, a publicação.

Esta diz ter obtido, por parte da Aliph Foundation, confirmação de que estão a ser feitos, com cariz urgente, relatórios dos danos causados pelo conflito no território em três grandes sítios culturais de Gaza, nomeadamente a Grande Mesquita de Gaza, “que foi destruída na sequência de ataques aéreos israelitas em Dezembro” do ano passado. Este trabalho está a ser desenvolvido “em parceria” com a organização palestiniana Riwaq, dedicada à preservação do património arquitectónico, e “em coordenação com organizações internacionais como a UNESCO”.

A notícia publicada esta quinta-feira faz também referência aos esforços que estão a ser levados a cabo pela associação cultural Mayasem, em parceria com o Museu Palestiniano, na Cisjordânia: juntos, estão a evacuar artefactos valiosos, de modo a que estes possam, talvez, escapar ilesos ao conflito. Recentemente, escreve o The Art Newspaper, mais de 2000 itens da colecção do Museu Al Qarara, “que ficou danificado durante a guerra” e entre os quais constavam “vestígios arqueológicos como cerâmica, lápides e estátuas, bem como peças de artesanato tradicional palestiniano” foram transportados para outras localizações.

Um relatório de avaliação de danos, feito pelo Banco Mundial em Março, assinalava que, “entre 7 de Outubro de 2023 e 26 de Janeiro de 2024, 63% de todos os sítios patrimoniais de Gaza sofreram danos — tendo 31% deles sido destruídos”. Acredita-se que estas percentagens sejam, agora, “significativamente” mais altas.

No final de Julho, a UNESCO inscreveu o Mosteiro de Santo Hilário, na Faixa de Gaza, em duas das suas listas: a do património da humanidade e a dos bens em risco. O edifício é um dos locais mais antigos do Médio Oriente — e foi casa da primeira comunidade monástica da Terra Santa.

No mês passado, o ministro das Finanças de Israel anunciou na rede social X (ex-Twitter) que as autoridades de Telavive haviam aprovado, em Junho, o estabelecimento de um novo colonato na Cisjordânia. A revelação foi prontamente criticada por organizações activistas como a Peace Now: esta ONG israelita, que defende o reconhecimento do Estado da Palestina como a “única solução viável” para resolver o conflito em Gaza, não só entende que o colonato comprometerá a contiguidade territorial entre várias aldeias palestinianas (cortando ainda o acesso das mesmas a Jerusalém), como fez rapidamente questão de sublinhar que ele será construído em território que foi classificado pela UNESCO, em 2014, como Património Mundial, sob a designação “Palestina: Terra de Oliveiras e Vinhas — Paisagem Cultural do Sul de Jerusalém, Battir”.

“A paisagem da colina de Battir compreende uma série de vales cultivados, conhecidos como widian, com socalcos de pedra característicos”, escreve a UNESCO no seu site. Alguns desses socalcos beneficiam de “uma rede de canais de irrigação, alimentada por fontes subterrâneas”, o que permite a existência de hortas comerciais numa “região tão montanhosa”. Outros dos socalcos são secos e neles estão plantadas videiras e oliveiras.

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