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Gaza, o rectângulo onde se define o futuro do Médio Oriente
Um ataque de dimensão inédita do Hamas precipitou um novo e violento recrudescimento do conflito no Médio Oriente e recolocou a Faixa de Gaza – e os dois milhões de pessoas que lá vivem – no centro da geopolítica mundial
Ataque surpresa do Hamas
O Hamas, movimento islamista que controla a Faixa de Gaza, lançou a 7 de Outubro um ataque sem precedentes contra Israel, que incluiu o disparo de milhares de rockets e a incursão de centenas de combatentes por via terrestre e aérea. Pelo menos 1200 pessoas foram mortas e mais de 100 foram raptadas em território israelita depois de o Hamas ter entrado em cerca de 20 localidades, em bases militares e num festival de música. Israel respondeu com uma declaração de guerra e tem bombardeado Gaza ininterruptamente nos últimos sete dias.
Israel convocou mais de 300 mil soldados reservistas e interditou o acesso a uma extensa área em redor da Faixa de Gaza, o que parece significar que está iminente uma incursão militar naquele território palestiniano. Na última semana, pelo menos 1300 pessoas foram mortas em ataques aéreos a Gaza.
O território e a população de Gaza
A Faixa de Gaza tem uma área equivalente à de quatro cidades de Lisboa e uma população superior a dois milhões de pessoas.
Israel impôs um bloqueio à Faixa de Gaza em 2007, quando o Hamas
passou a ter o controlo do território. As entradas e saídas de
pessoas e bens são limitadas e fazem-se apenas por duas passagens
oficiais. O bloqueio aplica-se também no Mediterrâneo e, em 2022, o
porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que
“em grande parte devido ao bloqueio, à pobreza, a altos níveis de
desemprego e outros factores, quase 80% dos habitantes de Gaza
dependem de assistência humanitária”.
Na sequência do ataque do
Hamas, Israel decretou um “cerco total” a Gaza, privando os
habitantes de acesso a bens alimentares, electricidade e água
potável provenientes do seu território. A única central eléctrica da
Faixa, que depende do combustível israelita, parou de funcionar na
quarta-feira.
Passagem de Erez
Uma das duas ligações terrestres entre a Faixa de Gaza e Israel funciona de domingo a quinta para pessoas e veículos autorizados. Às sextas e sábados a passagem está encerrada para veículos e pessoas com um bilhete de identidade de Gaza que pretendam entrar em Israel.
Passagem de Rafah
É o único posto fronteiriço entre Gaza e o Egipto em funcionamento, por onde passaram, até Julho, cerca de 100 mil pessoas em ambos os sentidos.
Campo de refugiados de Jabalia
É o maior dos campos para refugiados palestinianos existentes na Faixa de Gaza, onde mais de 100 mil pessoas vivem numa área que ronda os 1,4 quilómetros quadrados. O campo foi bombardeado por Israel na segunda-feira e pelo menos 50 pessoas morreram.
Barreira do perímetro de Israel
Densidade populacional na Faixa de Gaza
Limitado a norte e a leste por Israel e a sul pelo Egipto, é um dos territórios mais densamente povoados do planeta.
População muito jovem
A idade média é de 18 anos e cerca de 65% da população tem menos de 24 anos
Mortes de palestinianos vs israelitas
O ataque do Hamas de sábado passado provocou o maior número de mortos israelitas de que há memória em mais de 50 anos de conflito. Até agora, o ano mais mortífero da história recente tinha sido 2014, quando Israel invadiu Gaza pela última vez. Morreram então 88 israelitas e mais de 2300 palestinianos.
Feridos palestinianos vs israelitas
FICHA TÉCNICA
Texto: João Pedro Pincha Infografia: Célia Rodrigues, Gabriela Gómez, Gabriela Pedro, Cátia Mendonça e José Alves Revisão de texto: Joana Quaresma Gonçalves