Pedido de visto de Harry nos EUA vai permanecer selado

“O escândalo do príncipe Harry acaba de ficar muito mais suspeito”, observou um representante da Heritage Foundation, que pretendia a divulgação dos formulários do pedido do visto.

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Harry, durante um painel do Prémio Diana sobre saúde mental na Cimeira Anual da Concórdia 2024, realizada no Sheraton New York Times Square, em Nova Iorque, a 23 de Setembro de 2024 Bing Guan/REUTERS
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O pedido de visto do duque de Sussex para os Estados Unidos irá permanecer selado, decidiu um juiz, nesta segunda-feira, depois de um grupo conservador ter questionado se o príncipe Harry teria mentido no formulário a propósito do consumo de drogas ou se teria beneficiado de privilégios indevidos.

A acção judicial, movida pelo grupo de reflexão conservador Heritage Foundation, pretendia a divulgação dos formulários do pedido do visto. No entanto, um juiz deliberou que “o público não tem um forte interesse na divulgação dos registos de imigração do duque”, determinando assim que a informação permaneça confidencial. “Como qualquer cidadão estrangeiro, o duque tem um interesse legítimo na privacidade do seu estatuto de imigrante”, acrescentou, citado pelo The Telegraph.

O director executivo do Projecto de Supervisão do grupo de reflexão, Mike Howell, afirmou numa declaração à Newsweek que a decisão é suspeita. “O escândalo do príncipe Harry acaba de ficar muito mais suspeito”, disse, acrescentando que o caso está longe de ter terminado: “Estamos a explorar o recurso.”

Em Março, o mesmo juiz emitiu uma ordem para que o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla original) apresentasse em tribunal o processo de pedido de visto do príncipe Harry, com o qual o filho mais novo do rei Carlos III passou a residir nos EUA há quatro anos, para o analisar “à porta fechada”.

A ordem surgiu depois de um grupo de reflexão conservador ter questionado se o príncipe mentiu afirmando nunca ter consumido drogas (o contrário poderia ser um entrave ao deferimento do visto) ou se recebeu um tratamento diferenciado por causa da sua ligação à realeza britânica – em ambos os casos, poder-se-ia estar perante um crime.

A Heritage Foundation (HF) iniciou este processo depois de o livro de memórias de Harry ter sido publicado. Em Na Sombra, que chegou às livrarias em Janeiro do ano passado, o inglês descreve vários episódios em que consumiu drogas, desde a regular marijuana até à cocaína em festas.

Em Fevereiro, a defesa da DHS sugeriu que o príncipe poderá ter mentido quando escreveu as suas memórias: “Um livro não é um testemunho juramentado ou uma prova”, disse John Bardo, observando que o facto de o príncipe ter escrito nas suas memórias que consumiu drogas não significa que de facto o fez, já que esses dados poderiam ter sido colocados na narrativa com o objectivo de “vender livros”. “Dizer algo num livro não significa necessariamente que seja verdade”, observou, citado pelo The Telegraph.

Há um ano, a HF, com influência significativa nas políticas públicas americanas, confirmou ao PÚBLICO a existência de um pedido (versão original, em pdf) para que o visto do príncipe Harry fosse divulgado, questionando se o britânico mentiu no formulário sobre o consumo de estupefacientes, que, entretanto, admitiu no seu livro de memórias.

No livro Na Sombra, que só na primeira semana vendeu 3,2 milhões de exemplares em todo o mundo, assim como em várias entrevistas televisivas, o filho mais novo de Carlos e Diana admitiu ter consumido cocaína, marijuana e cogumelos mágicos. De acordo com a HF, um historial de consumo de drogas é habitualmente motivo para a recusa de um visto nos EUA, sendo que a lei de imigração dos EUA prevê duras penas para quem é apanhado a mentir na sua candidatura a um visto, que pode ir desde a recusa da cidadania até à deportação imediata.

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