Filme sobre Bruce Springsteen revela que a sua mulher, Patti Scialfa, tem cancro

O documentário, que se estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto, é o primeiro reconhecimento público do mieloma múltiplo de Scialfa.

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Bruce Springsteen e Patti Scialfa, nos Prémios Tony, em 2018 BRENDAN MCDERMID/REUTERS
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A musicóloga ​Patti Scialfa, mulher de longa data de Bruce Springsteen, revelou, num novo documentário sobre o seu marido, que foi diagnosticada em 2018 com mieloma múltiplo.

Road Diary: Bruce Springsteen and the E Street Band, que se estreou domingo no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF, na sigla original), apresenta entrevistas com vários dos membros da banda que acompanham o lendário cantor, de 74 anos, na sua última digressão — incluindo Scialfa, de 71 anos, que se juntou à E Street Band como cantora e guitarrista em 1984, na véspera da digressão Born in the U.S.A.. No filme, Scialfa conta que recebeu o diagnóstico de cancro em fase inicial durante a primeira temporada de Springsteen on Broadway.

“As digressões tornaram-se um desafio para mim”, diz Scialfa, acrescentando que o cancro, que interfere com os plasmócitos, células do sistema imunológico que habitam a medula óssea e são responsáveis pela produção de anticorpos que nos protegem das infecções, “afecta o meu sistema imunitário, pelo que tenho de ter cuidado com o que escolho fazer e onde escolho ir. ... De vez em quando, vou a um ou dois espectáculos e consigo cantar algumas canções em palco, e isso tem sido um prazer. É o novo normal para mim neste momento, e não me importo com isso”.

O documentário, que será lançado a 25 de Outubro no Hulu e no Disney Plus, não especifica o estado actual da doença de Scialfa.

Scialfa não esteve presente na estreia do TIFF, à qual Springsteen assistiu ao lado do realizador Thom Zimny, do produtor Jon Landau e do guitarrista e director musical da E Street, Steven Van Zandt. Numa entrevista recente ao Hollywood Reporter, Zimny comentou a forma como Springsteen, com quem colabora há mais de 20 anos, reconhece a sua mortalidade durante a digressão.

“Tornou-se muito claro para mim que as escolhas de canções de Bruce... reflectiam este momento de conversa que ele está a ter com o seu público sobre o seu lugar no mundo agora”, disse Zimny na entrevista.

Essa conversa continuou no Roy Thomson Hall, em Toronto, onde Springsteen se apresentou no dia seguinte a uma actuação de três horas no Nationals Park, em Washington. O crítico de música do Washington Post, Chris Richards, elogiou o espectáculo como “tão faminto, alerta e descomprometido com o tempo”, referindo-se a uma vibração sustentada de que Springsteen e os seus colaboradores falaram no domingo.

“Temos o único emprego no mundo em que as pessoas com quem andámos no liceu — aos 75 anos, ainda estamos com essas pessoas”, declarou Springsteen durante um painel após a projecção. “Vivemos a nossa vida com elas. Vemo-las crescer. Vemo-las casar. Vemo-las divorciarem-se. Vemo-las ir para a prisão. Vemo-las sair da prisão. Vemo-las renegar os pagamentos dos filhos. Vemo-las pagar. Vemo-las envelhecer. Vemos o seu cabelo ficar grisalho. E estamos na sala quando eles morrem, sabes?”

Springsteen evitou mencionar abertamente o diagnóstico de Scialfa enquanto estava no palco. Aludiu brevemente à ausência da sua mulher quando falou do privilégio e do forte sentido de camaradagem que advém de fazer parte da mesma banda durante décadas.

“Posso olhar para a minha esquerda e Stevie está lá”, disse. “À minha direita, Nils [Lofgren] está lá. Quando a Patti consegue ir, consigo vê-la lá. ... Não estou sozinho. Estás a arriscar tudo o que tens, mas não estás sozinho.”

Scialfa e Springsteen casaram-se em 1991 e têm três filhos, todos nascidos nessa década. Ao falar ao The Post em 2004 sobre o segundo dos seus três álbuns a solo, Scialfa reflectiu sobre como a harmonia profissional ajudou o seu casamento: “A nossa relação começou como uma relação de trabalho”, detalhou. “Damos muito espaço um ao outro e, ao mesmo tempo, muito apoio.”

No documentário de 99 minutos, Scialfa diz que gostou mais de estar no palco com Springsteen para a faixa Fire, de 1986, que eles interpretam como um dueto romântico. “É possível ver um lado da nossa relação que normalmente não se vê”, diz. “Estar de volta ao palco com Bruce é uma explosão.”


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B. Ribeiro

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