Madeira quer República a custear mais um helicóptero de combate a incêndios

Sexto dia termina “mais tranquilo” na Madeira, apesar de ainda existirem duas frentes de incêndio activas. Terão ardido 7387 hectares desde 14 de Agosto.

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Serra de Água, na Ribeira Brava, onde o fogo deflagrou a 14 de Agosto HOMEM DE GOUVEIA
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Pelo sexto dia consecutivo, as chamas consumiram hectares de floresta na ilha da Madeira. Ainda que a situação pareça "mais tranquila", com uma diminuição da intensidade do vento, a população continua em sobressalto perante novas evacuações e reacendimentos. Pedro Ramos, secretário regional de Saúde e Protecção Civil, garante que a Madeira não recusou ajuda externa e defende que é altura de o Governo da República apoiar a região autónoma com mais um helicóptero.

Desde 2018 que a região tem, em permanência, um meio aéreo operacional, um helicóptero cujos custos têm sido assumidos pelo Governo da Madeira e que além do combate a incêndios tem sido utilizado em operações de resgate. Em conferência de imprensa sobre o incêndio activo há seis dias, Pedro Ramos deixou críticas ao Governo da República, fazendo eco do apelo de José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa madeirense, para que a região tenha mais um meio aéreo custeado pelo Estado.

"Aquilo que a região investiu para ter o helicóptero a funcionar desde 2019 atinge já perto de 13 milhões de euros", afirmou o secretário regional de Saúde e Protecção Civil, considerando que "o Estado português deve começar a olhar para a Madeira de forma diferente" e equacionar assumir os custos não só do helicóptero que já está na região, mas de um outro. "Dois helicópteros seriam muito melhores para a Madeira", afirmou.

Pedro Ramos vincou que esta é uma reivindicação que já tem cinco anos, mas admite que o facto de o Governo da República ser agora social-democrata, tal como o da Madeira, pode jogar a favor da região, depois de vários desacertos no passado. "Naturalmente, termos a mesma cor política poderá ser uma vantagem — para que a Madeira tenha dois meios aéreos e para que esses meios sejam da responsabilidade do Estado."

O governante sublinhou ainda que o helicóptero existente, desde que as condições meteorológicas o permitam, "tem sido utilizado ininterruptamente", tendo sido contabilizadas quase 30 horas de voo e mais de 160 descargas de água desde que o incêndio deflagrou.

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Esta segunda-feira, o fogo manteve duas frentes activas, na Encumeada (Ribeira Brava) e no Paul da Serra (Ponta do Sol), que causaram "alguma preocupação". De acordo com dados actualizados pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), terão ardido 7387 hectares desde 14 de Agosto, data em que foi dado o primeiro alerta para o incêndio, que o EFFIS já considera o pior dos últimos 14 anos na Madeira.

No ponto de situação feito pelas autoridades regionais ao final da tarde, foi anunciada uma nova operação de evacuação, desta vez no sítio da Furna, na Ribeira Brava, de onde foram retiradas cerca de 60 pessoas "por precaução". Na Serra de Água, freguesia onde o fogo deflagrou na última quarta-feira, o incêndio foi declarado extinto.

No município de Câmara de Lobos, o fogo também já estava "praticamente extinto" na manhã desta segunda-feira, como tinha confirmado o autarca Leonel Silva, mas pelas 12h ocorreu um reacendimento no Curral das Freiras, que se mantém sob "vigilância activa". Na Fajã das Galinhas, no mesmo município, os peritos do Laboratório Regional de Engenharia, em colaboração com o Serviço Regional de Protecção Civil, realizaram durante o dia uma avaliação do talude para garantir o regresso seguro das famílias retiradas das suas casas.

"Aparentemente, a situação é mais tranquila”, afirmou, em conferência de imprensa, Pedro Ramos, referindo que ao final da tarde o aviso meteorológico para tempo quente foi reduzido do nível laranja para amarelo (o mais baixo numa escala de três), prevendo-se também uma diminuição da intensidade do vento.

Ao final da tarde estavam no terreno mais de 150 bombeiros, apoiados por 40 veículos e um meio aéreo. O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento forte, pelas temperaturas elevadas e pelo difícil acesso às zonas afectadas, mas não há registo de destruição de habitações e infra-estruturas essenciais. Uma bombeira dos Açores foi levada esta segunda-feira para o hospital para receber tratamento por ter entrado em exaustão.

A Polícia Judiciária está a investigar a origem do incêndio. Tanto o secretário regional Pedro Ramos, como o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, assumiram ter suspeitas de fogo posto. Questionado sobre a ausência de Miguel Albuquerque do briefing desta tarde, e sobre se o presidente do Governo tinha regressado para as suas férias no Porto Santo, Pedro Ramos não o negou e garantiu que o líder do executivo continua a acompanhar o evoluir do incêndio.

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