A Ode Winery, em Vila Chã de Ourique, concelho do Cartaxo, quer criar 450 postos de trabalho, com a construção de um novo hotel com 30 suítes, 18 villas e 14 tendas de glamping. Segundo Ana Araújo, que à data desta reportagem era chief operating officer do grupo, a construção do hotel deverá iniciar-se ainda este ano e o glamping será a fase final do projecto. De acordo com o australiano Andrew Homan, um dos dois fundadores da Ode (ao lado do seu compatriota David Clarkin), o investimento total será de cerca de 80 milhões de euros.
“Queremos que esteja já a funcionar em 2026”, avança Ana Araújo, enquanto nos guia pelos edifícios abandonados à beira de um lago que, no futuro, serão transformados em resort de luxo com “restaurante e espaço de eventos”, além de piscina. “Estas estruturas já existiam, estiveram 13 anos abandonadas e fomos descobrindo a cada limpeza.”
Antes de ser comprada no final de 2021 pelos actuais proprietários, a herdade de 96 hectares pertenceu ao grupo Quatro Âncoras, com o projecto Vale d’Algares, que, além do vinho, também se dedicava ao hipismo e tinha centro equestre.
Algumas das estruturas criadas pela antiga empresa ainda se mantêm, mas precisam de requalificação. “A nossa ideia é criar 450 empregos quando todo o complexo estiver em plena operação”, afirma Ana Araújo, que antes da publicação deste artigo saiu do grupo. “Começamos agora com o hotel, logo que conseguirmos as aprovações vamos para as villas [de dois e quatro quartos], e o glamping será a última fase.”
Ana Araújo acrescenta também que, para isso, o grupo está a desenvolver parcerias “com as escolas locais e com a autarquia”.
O projecto vai desenvolver-se numa margem do lago e terá o nome de Ode Farm & Living, com imagens já disponíveis no website da Ode e algumas descrições dos programas que estão por vir: “passeios pela quinta, aulas de produção de vinho e azeite, BTT, passeios a cavalo, caminhada e paddle”.
Para já, e desde o ano passado, a Ode Winery está de portas abertas ao público com o restaurante japonês Cellar Door, visitas à adega e actividades que incluem provas de vinhos, workshops e programas de vindimas (de 15 de Agosto a 15 de Setembro).
A adega, construída em 1902 e remodelada no início deste século, mantém um antigo laboratório com fachada original e tem um segredo: um enorme bunker onde estão escondidas as barricas.
Maria Vicente, a enóloga da casa, explica que os vinhos da Ode seguem a filosofia da “mínima intervenção e máxima atenção”. Em vez de novas plantações, o objectivo foi “recuperar o potencial vitícola da quinta” e dos 22 hectares de vinha, “com cerca de 20 anos”.
Os primeiros vinhos Ode, quatro brancos e um tinto, foram lançados em Março do ano passado. Agora, e com o Ode Alvarinho, à venda desde o início de Agosto, somam-se 12 referências. O Ode Amphora Alicante Bouschet 2022 chegou a ser destacado em Junho no artigo do New York Times “Is Black Wine The New Orange?” sobre castas tintureiras. No mesmo mês, o Enóloga Branco 2022 foi distinguido no Concurso de Vinhos do Tejo com o prémio máximo, o Grande Excelência.