Fotografia
Sofia Saldanha anda a fotografar comunidades remotas pelo mundo
Começou a fotografar na adolescência, comprou uma câmara fotográfica quando foi mãe e, em 2013, decidiu ser fotógrafa. Sofia Saldanha visitou a Noruega, São Tomé, Mongólia, Etiópia e Patagónia. A próxima viagem é ao Peru.
Sofia Saldanha não sai de casa sem câmara fotográfica e é assim desde os 14 anos. Na adolescência, começou por criar álbuns com as fotografias que ia tirando. Já adulta, licenciada em Arquitectura de Interiores e casada, decidiu comprar uma “máquina melhor” para fotografar o crescimento dos filhos e, em 2013, decidiu que estava na altura de aprender técnicas fotográficas e mudar de profissão.
Desde então, viaja pelo mundo à procura das paisagens mais distintas, desde auroras boreais a mares quentes. E também de tribos que vivem em lugares longínquos e estão ligados a modos de vida e costumes ancestrais.
Ao longo de mais de dez anos, visitou a Islândia, Noruega, Patagónia, Marrocos, Índia, Etiópia, Quénia, São Tomé e Príncipe, Nepal, Mongólia, Vietname, Brasil, Tibete ou Zanzibar, destino que assume ser o favorito para fotografar. “Já lá fui três ou quatro vezes e tenciono voltar. Já sei o nome das pessoas, algumas já sabem o meu e levo os retratos impressos para lhes oferecer”, conta.
O Zanzibar é um destino turístico atractivo pela beleza natural das praias e águas cristalinas e quentes. Mas está a sofrer a nível ambiental e económico com as alterações climáticas, reconhece. O trabalho de muitas mulheres é cultivar algas marinhas que já não crescem como antes dada a temperatura da água.
Sofia Saldanha diz que gosta de planear viagens para sítios novos, sempre a pensar na fotografia de retrato, mas também de revisitar locais onde já esteve, mesmo que os reencontros não sejam tão fáceis. “Já voltei à Índia para procurar pessoas e encontrei-as.”
O primeiro retrato que não esquece aconteceu por acaso quando fez uma viagem a São Tomé e Príncipe, em 2015. Meses depois foi conhecer a Namíbia e a tribo Himba. No portfólio fotográfico existem ainda registos de Ásia e da América do Sul. Sozinha ou acompanhada, viaja “à procura de conhecer novas culturas e povos”.
“Há uma boa conexão, seja por gestos ou por olhares. Só fotografo se deixarem e mostro sempre as fotografia”, adianta.
A última viagem que fez foi ao Brasil. Conheceu uma comunidade indígena que lhe explicou algumas das tradições: aprendeu que, normalmente, as pinturas corporais são só para dias de festa e o corte de cabelo é levado a sério. Ficou também a saber que, um ano depois da morte de uma pessoa, a tribo organiza o que apelida de “último choro”, uma celebração para lamentar pela última vez a perda da pessoa.
“Para essa viagem levei uma impressora do tamanho de telemóvel e papéis para ir imprimindo no momento as fotografias que ia tirando. A felicidade das pessoas a verem as fotos a saírem foi muito bonita de se ver. Afinal, ser fotografado é uma coisa que lhes sai da rotina. Estão a trabalhar, a brincar e aparece uma pessoa que os acha bonitos e que quer falar com eles. Acho que se sentem respeitados”, defende.
A próxima aventura já está a ser planeada e será às montanhas do Peru. “É um percurso difícil pela altitude, mas nunca deixou de ser uma opção.” Enquanto não tem data marcada, fica por Lisboa, onde vive.