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Um carro, um edifício, um ano: uma viagem pela história da arquitetura e do design automóvel
Através da visão de um arquitecto e de um fotógrafo, o livro A Time ⋅ A Place explora os contornos da arquitectura, do design automóvel e da forma como se entrelaçam ao longo dos anos.
A cada página folheada de A Time ⋅ A Place encontramos uma fotografia que emparelha um vencedor do Carro Europeu do Ano com um edifício concluído no mesmo ano.
O prémio ECOTY (do inglês European Car of the Year) chegou à 60.ª edição e o arquitecto John Piercy Holroyd e o fotógrafo de arquitectura Daniel Hopkinson juntaram-se no lançamento de um livro que une a arquitectura e a fotografia ao design automóvel. Cada um dos três volumes regista 20 anos de carros e edifícios no Reino Unido, desde 1964 até 2024. O primeiro, agora disponível para venda, incide sobre os anos de 1964 a 1982.
“O processo de realização deste primeiro volume do livro levou a uma compreensão de como os ideais e aspirações do design arquitectónico e de veículos estavam alinhados no início da década de 1960, e de como divergiram vinte anos depois”, escreve John Piercy Holroyd, no prefácio.
Fazendo uso de “referências publicitárias ou culturais contemporâneas” como inspiração às fotografias, os autores passaram “fins-de-semana e feriados” em viagem pelo Reino Unido de forma a encontrar edifícios e estruturas que permanecessem “praticamente inalterados desde a sua construção”, resultando numa obra que espelha o metamorfismo de duas vertentes nas quais talvez nunca víssemos uma conexão explícita.
Como observa Holroyd, uma obra arquitectónica é “tipicamente um objecto sob medida, com uma visão singular e um programa definido, geralmente altamente responsivo ao contexto [no qual é construído] e com uma vida útil de várias décadas, que é frequentemente excedida”. Em contrapartida, um carro destina-se a ser produzido em massa, não tendo necessariamente um contexto ao qual responder, com um ciclo de vida menor, tornando-se inevitavelmente “descartável”. No entanto, para o arquitecto, “através da lente do tempo ambos os objectos se tornaram altamente simbólicos das suas épocas”.
O projecto iniciado em 2022 nos tempos livres dos autores rapidamente assumiu outros contornos, indo para além da “essência das formas e máquinas construídas”. Para Hopkinson, “não se tratava de criar fotos de estúdio perfeitas ou fotografias arquitectónicas super-realistas”. “Tornou-se a história do carro, do edifício e do que aconteceu durante o dia”, acrescenta.
“É uma observação do tempo e lugar que já existiu, mas não existirá novamente”, remata Holroyd.