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Propagandopolis: todo o poder de 100 anos de propaganda
O livro Propagandopolis: A Century of Propaganda From Around the World reúne materiais de propaganda — cartazes, posters, panfletos, stills de filmes — que marcaram os últimos cem anos de História.
No início de 2018, o historiador britânico Bradley Davies fundou o projecto Propagandopolis, que reúne materiais históricos de propaganda de dezenas de países do mundo. Posters, cartazes, panfletos, capas de livros, de revistas ou zines, fotografias de outdoors, murais e mesmo frames de filmes que cobrem o período de um século — e que tocam regimes totalitários de várias regiões, cores políticas e causas mais ou menos controversas — foram reunidos num livro homónimo editado em Outubro pela londrina FUEL: Design & Publishing.
“Arrancadas ao contínuo da internet e estranhamente justapostas num formato enciclopédico, as imagens [do livro] — ingénuas, vanguardistas, totalitárias, modernistas e contemporâneas —convidam-nos a reflectir sobre os significados e os objectivos da propaganda, a sua história e o seu futuro”, pode ler-se no prefácio do historiador Robert Peckham, autor do livro Medo: uma História Alternativa do Mundo, editado em 2023.
Organizado alfabeticamente, o livro divide-se em pequenos capítulos que vão desde o Afeganistão até ao Zimbabué. Brilham mais intensamente, pela sua relevância histórica, os que são dedicados à Alemanha, URSS, EUA, Iraque, Itália, Chile, Israel, Coreia do Norte, China, países cuja história foi ou ainda é marcada por regimes totalitários dotados de poderosos e sofisticados gabinetes dedicados à criação e difusão de propaganda.
Eventos como a primeira e a segunda Guerras Mundiais assumem protagonismo pelo seu carácter violento e quase universal, mas não escapam também os materiais dedicados às causas feminista, antinuclear, anti-racista, etc.
Se, no passado, a propaganda era relativamente centralizada e dependente do poder financeiro para a sua produção e disseminação, actualmente, na era digital, estamos diante de um novo paradigma, discorre Peckham.
“O debate centra-se agora na desinformação e nas ‘notícias falsas’, e não na propaganda”, escreve o historiador ainda no prefácio de Propagandopolis. “Os receios centram-se na inteligência artificial, na pirataria informática e na manipulação da opinião pública através de memes nas redes sociais, bem como na utilização de bots para fabricar um consenso e uma viralidade ilusórios.” Estará a propaganda morta ou mais viva do que nunca? “Será que as novas tecnologias anunciam a obsolescência da propaganda, ou talvez a sua absoluta destilação e ubiquidade?”