Atleta holandês condenado por violação vai a Paris; protestos contra multiplicam-se
O Comité Olímpico dos Países Baixos defende a participação de Steven van de Velde nos Jogos. Pelo menos quatro petições e três associações de defesa de atletas pedem a sua desqualificação.
O Comité Olímpico dos Países Baixos está sob fogo, depois de se saber que Steven van de Velde, que, em 2016, foi condenado por violação de uma menor de 12 anos, integra a equipa de vólei de praia do país nos Jogos Olímpicos de Paris, que arrancam a 26 deste mês.
Primeiro, foram as petições públicas — há, pelo menos, quatro que reúnem mais de 50 mil assinaturas —, mas que acabaram por ser reforçadas por uma declaração conjunta de três organizações de defesa dos atletas dirigida ao Comité Olímpico Internacional (COI).
A Sports & Rights Alliance Athletes Network for Safer Sports, o The Army of Survivors e a Kyniska Advocacy querem que o COI proíba Van de Velde de participar nos Jogos de 2024. Os grupos justificaram o pedido: “Um atleta condenado por abuso sexual de crianças, independentemente do país, não deve ter a oportunidade de competir nos Jogos Olímpicos.” A declaração aponta também a falta de verificação dos antecedentes de crimes sexuais cometidos por treinadores, formadores ou atletas.
O COI, citado pela Reuters, respondeu apenas com o facto de “a nomeação de cada um dos membros da equipa, após a qualificação no terreno de jogo, ser da exclusiva responsabilidade do respectivo Comité Olímpico Nacional”.
Em 2014, quando tinha 19 anos, Van de Velde começou a comunicar com uma rapariga de 12 anos através do Facebook e viajou até Inglaterra para se encontrar com ela. Nesse encontro, foi dado como provado em tribunal, deu álcool à jovem e violou-a várias vezes. Depois disso, regressou aos Países Baixos, mas foi extraditado para o Reino Unido e detido.
Van de Velde declarou-se culpado de três acusações de violação e foi condenado a quatro anos de prisão no Reino Unido, tendo-lhe sido permitido cumprir pena no país natal. No entanto, acabou por cumprir apenas um ano. Quase imediatamente após a sua libertação, a Associação Holandesa de Voleibol permitiu-lhe retomar a sua carreira.
O atleta qualificou-se para a equipa olímpica depois de ter competido no México, no ano passado, tendo sido o terceiro melhor a servir, o quinto melhor nos bloqueios e o décimo melhor marcador, segundo as estatísticas do Campeonato Mundial de Voleibol de Praia, que decorreu em Tlaxcala.