Salman Rushdie viaja até Portugal em Setembro e livro sobre ataque chega em Maio

O evento na Livraria Lello, no Porto, esteve marcado para Setembro de 2022, mas foi cancelado depois do brutal ataque ao escritor em Nova Iorque em Agosto desse ano.

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O escritor Salman Rushdie REUTERS/Luke MacGregor
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Knife: Meditations After an Attempted Murder, o livro de memórias de Salman Rushdie sobre o esfaqueamento que o vitimou em 2022, lançado mundialmente esta terça-feira (nos Estados Unidos, Reino Unido e em outros países, como o Brasil), vai ter edição em Portugal em Maio, estando também prevista a vinda ao Porto, em Setembro, do escritor britânico que nasceu na Índia.

A informação foi avançada à agência Lusa pela Dom Quixote, que edita a obra do escritor que na tarde de 12 de Agosto de 2022 foi esfaqueado brutalmente, quando se preparava para dar uma palestra numa universidade de Nova Iorque.

Com o título Faca: Meditações na Sequência de uma Tentativa de Homicídio, este novo livro do escritor de 76 anos chega ao mercado livreiro português a 14 de Maio, com tradução de J. Teixeira de Aguilar. “Este foi um livro que tive de escrever, foi uma forma de assumir o controlo do que aconteceu e de responder à violência com arte”, afirmou Salman Rushdie quando foi anunciada mundialmente que iria lançar esta nova obra. Nessa altura, o director executivo da Penguin Random House Nihar Malaviya referiu que este é “um livro marcante e uma afirmação do poder das palavras para dar sentido ao impensável.”

Segundo a editora Dom Quixote, está também prevista a vinda de Salman Rushdie a Portugal no final de Setembro, a convite da Livraria Lello, no Porto, para participar na iniciativa "Autor do Mês", um evento que esteve inicialmente marcado para 17 de Setembro de 2022, mas que foi cancelado após o ataque ao escritor.

Nesta obra que agora é lançada, 33 anos depois da fatwa (decreto religioso) decretada contra Salman Rushdie pelo aiatola Ruhollah Khomeini, na sequência da publicação em 1988 do seu livro Os Versículos Satânicos, uma ficção inspirada na vida do profeta Maomé que lhe valeu o Prémio Whitbread e um lugar entre os finalistas do Prémio Booker, o escritor fala pela primeira vez, e com memorável pormenor, dos traumáticos acontecimentos desse dia, que o mundo inteiro presenciou.

A viver desde 1989 sob ameaça de morte, depois da emissão da fatwa, Salman Rushdie desde há muito que se interrogava sobre quem o iria matar, revelou o próprio escritor no dia 12 de Abril, em declarações públicas, detalhando depois que, quando foi apunhalado, o seu primeiro pensamento foi: "Então és tu!".

Salman Rushdie foi agredido à facada em Agosto de 2022, durante uma conferência literária, em Chautauqua, na região de Nova Iorque, por um norte-americano de origem libanesa, suspeito de ser simpatizante da República Islâmica do Irão. Ferido gravemente, o escritor veio depois a perder um olho e a sofrer danos nos nervos da mão.

Nascido em Bombaim, em 1947, Salman Rushdie publicou o seu primeiro romance Grimus em 1975. Autor de 15 romances, contos para a juventude e ensaios, recebeu em 1981 o Prémio Booker pelo livro Os filhos da Meia-Noite, tendo sido eleito o melhor vencedor de sempre daquele prestigiado prémio literário em 2008. Durante os anos 90 o escritor viveu sob protecção e escondido, experiência que transportou para o livro de memórias Joseph Anton, de 2012.

O seu romance mais recente, Cidade da Vitória, concluído um mês antes do atentado e lançado internacionalmente em Fevereiro de 2023, foi publicado em Portugal em Setembro desse ano.