Palcos da semana: da estrada ao palco, liberdades

A distopia de O 25 de Abril Nunca Aconteceu, os tons da Estrada Branca, a Festa do Cinema Italiano, o festival-laboratório Westway Lab e o Erro 403 da Chão de Oliva.

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O 25 de Abril Nunca Aconteceu, uma distopia da Palmilha Dentada DR
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Mônica Salmaso e José Pedro Gil pela Estrada Branca DR
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Ainda Temos o Amanhã de Paola Cortellesi na Festa do Cinema Italiano DR
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Capicua é uma das convidadas desta edição do Westway Lab DR
Álvaro Siza
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O Erro 403 da Chão de Oliva DR
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A teoria (e distopia) da Palmilha

O 25 de Abril Nunca Aconteceu. A teoria vem do Teatro da Palmilha Dentada que, a convite do Teatro Nacional São João, parte desta premissa para construir uma peça sobre a data histórica para a democracia portuguesa, mas debruçando-se sobre o seu contrário. Ou seja, e num formato de ficção distópica, traçar um retrato de como seria a nossa vida se ainda a vivêssemos em ditadura.

Ou, nas palavras do encenador Ricardo Alves, “como seria Portugal se Salgueiro Maia não tivesse parado no semáforo vermelho, tivesse chocado com um camião de entrega de pão e o 25 de Abril não tivesse acontecido?”

Em cena, a personificar todos os valores de um Portugal bafiento e de uma liberdade que não aconteceu, está a família Freitas. Um tributo às conquistas de Abril, que tanto vai às questões mais evidentes, como ao uso proibido e perseguido de tudo e mais um par de Crocs.

Liberdade a circular pela Estrada Branca

Estreou-se ao vivo em 2017 e, dois anos depois, verteu o espectáculo para um disco. Estrada Branca põe José Afonso e Vinicius de Moraes a dialogar de forma orgânica, entre os dois lados do Atlântico, por meio das vozes de Mônica Salmaso e José Pedro Gil.

Uma homenagem aos dois vultos da música portuguesa e brasileira e à vitalidade das suas canções, mas também aos 50 anos de Abril, que conta com dramaturgia de Carlos Tê, cenografia de Manuel Aires Mateus e direcção musical de Nelson Ayres, Teco Cardoso e Emanuel de Andrade.

Ainda Temos o Amanhã e uma série de filmes italianos

Ter sido um sucesso de bilheteira em Itália no ano que passou e garantir um lugar na lista dos dez filmes mais vistos de sempre na história do cinema italiano não é um feito pequeno.

Se a estes trunfos juntarmos os créditos de “uma obra íntima e poderosa, que aborda o papel das mulheres na democracia com grande profundidade e sensibilidade”, assim dita a nota que o apresenta, e uns quantos prémios pelos caminho, temos matéria de sobra para servir as honras de abertura da Festa do Cinema Italiano.

É com Ainda Temos o Amanhã (C'è Ancora Domani), de e com Paola Cortellesi, que se corta a fita da passadeira da 17.ª edição do certame.

É uma das obras apresentadas em antestreia nacional e vem acompanhada no cartaz pela retrospectiva O Outro 25 de Abril (L'altro 25 Aprile), pelo Ciclo Sem Censura e por convidados como Jasmine Trinca, Riccardo Scamarcio, Benedetta Porcaroli ou Sandro Veronesi, a par das habituais sessões competitivas, dos momentos musicais e da Rota dos Sabores que passa por mais de meia centena de estabelecimentos.

O programa da festa estende-se até Junho e traz no mapa paragens em Almada, Alverca, Aveiro, Barreiro, Beja, Coimbra, Évora, Figueira da Foz, Funchal, Lagos, Leiria, Loulé, Penafiel, Porto, Sardoal e Setúbal, entre outras coordenadas.

O futuro da música começa aqui

Um evento focado na música e afinado em três escalas: a do festival propriamente dito, a das conferências e a da criação. É esta a essência do Westway Lab, festival-laboratório vimaranense nascido em 2014, que continua a fazer jus à fama de ser “uma plataforma para a experimentação e colaboração entre artistas de várias origens e estilos”, palavras d’A Oficina que o promove.

É neste ambiente fértil para a criação que se volta a “antecipar o futuro do circuito de música ao vivo”. Para esta 11.ª edição, com um cartaz que se espraia por 23 concertos, 20 conferências, duas keynotes e quatro residências artísticas (com os respectivos showcases), no Centro Cultural Vila Flor e noutros cinco palcos emblemáticos da cidade, estão convocados nomes como Capicua, NewDad, Julia Mestre, Luís Severo, Silly, Conferência Inferno, Riça, Uto, Unsafe Space Garden, Bardino ou Rob Challice.

Entre conversas e convívios, há ainda lugar a um mercado de discos, livros e ilustrações e, pela primeira vez, a uma festa de encerramento com pompa e batida dos DJ A Boy Named Sue, Rodrigo Areias e Jorge Quintela.

Na mira do Erro 403

A 10 de Agosto de 2020, Alexander Taraikovsky, um jovem de 34 anos, foi assassinado na cidade de Minsk, capital da Bielorrússia, durante um protesto pacífico após eleições fraudulentas no país. O tiro que o acertou no peito, veio depois a comprovar-se, foi disparado por um polícia de intervenção, ali destacado para dispersar os manifestantes.

É nesse episódio da história recente que se centra a nova criação da Companhia de Teatro de Sintra - Chão de Oliva, que aponta o holofote não à vítima, mas ao perpetrador. Escrita por Nicolai Khalezin, director artístico da companhia Belarus Free Theatre e figura conhecida pelo seu “teatro político”, Erro 403 conta no elenco com André Pardal, Beatriz Oliveira, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Patricia Susana Cairrão e Rogério Jacques. A encenação vem assinada por Susana C. Gaspar.

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