A23a, o maior icebergue do mundo, está a deslocar-se para norte

Com uma superfície de mais de 3500 quilómetros quadrados e uma espessura de 400 metros, o A23a é o maior icebergue do mundo. Espera-se que entre nas águas mais quentes do oceano Atlântico e derreta.

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Os oceanógrafos sugerem que o A23a acabará por entrar nas águas mais quentes do oceano Atlântico, onde se espera que se parta em icebergues mais pequenos e derreta União Europeia, Copernicus Sentinel-3 imagery
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Depois de se ter desprendido da plataforma de gelo Filchner-Ronne, na Antárctida Ocidental, em 1986, o icebergue A23a ficou preso no fundo do oceano Antárctico. A imagem, obtida por um dos satélites Sentinel-3 do Copérnico em 12 de Dezembro de 2024 e divulgada esta semana pelo programa europeu de monitorização do clima e atmosfera, mostra o icebergue quando se encontrava 400km a sudoeste da ilha da Geórgia do Sul.

O alerta para o icebergue em movimento é recente. Mas não parece qualquer motivo para alarme. Segundo as previsões, o A23a acabará por deixar o oceano Antárctico e entrará no oceano Atlântico, onde encontrará águas mais quentes e, provavelmente, se fragmentará em icebergues mais pequenos e acabará por derreter.

Com uma superfície de mais de 3500 quilómetros quadrados e uma espessura de 400 metros (uma área onde caberiam quase 100 cidades do Porto), o A23a é o maior icebergue do mundo. Em 2023 também houve notícias sobre a movimentação do bloco de gelo à deriva na Antárctida.

"O maior icebergue do mundo está de novo em movimento depois de ter estado preso num vórtice durante a maior parte do ano", referia uma notícia da BBC publicada a 14 de Dezembro. Citado no mesmo artigo, Andrew Meijers, oceanógrafo da British Antarctic Survey (BAS), afirmava: “É emocionante ver o A23a a mover-se de novo, depois de períodos em que esteve preso."

O icebergue A23a foi assim baptizado segundo uma lógica de designação estabelecida pela comunidade científica. A letra corresponde a uma área específica no mapa da Antárctida, ao passo em que o número diz respeito a uma ordem definida pela BAS.

"A profundidade do icebergue fez com que o seu fundo ficasse alojado no fundo do mar de Weddell, parte do oceano Antárctico, onde permaneceu estático durante mais de 30 anos", recordava a notícia, adiantando que esta grande placa de gelo "começou a deslocar-se para norte em 2020, mas, desde a Primavera, tem estado a girar no local depois de ter sido apanhado por uma coluna de água em rotação perto das ilhas Órcades do Sul".

“Estamos interessados em ver se seguirá o mesmo caminho que os outros grandes icebergues que deram à costa na Antárctida”, reconhecia Andrew Meijers, garantindo que os cientistas da BAS estão a vigiar esta rota do icebergue e a "examinar o impacto dos icebergues nos ecossistemas locais depois de passarem por eles". Há um ano, investigadores a bordo do RRS Sir David Attenborough recolheram dados da água em redor do A23a, acrescentava a notícia da BBC.

Na mesma história, citava-se ainda Laura Taylor, uma biogeoquímica que fazia parte da tripulação, e que afirmou: “Sabemos que estes icebergues gigantes podem fornecer nutrientes às águas que atravessam, criando ecossistemas prósperos em zonas que, de outro modo, seriam menos produtivas. O que não sabemos é a diferença que determinados icebergues, a sua escala e a sua origem podem fazer nesse processo.”

A imagem divulgada agora pelo Copérnico confirma a lenta viagem do enorme bloco de gelo. "Os dados abertos do Copérnico são fundamentais para seguir o movimento dos icebergues no oceano e para monitorizar ambientes remotos, incluindo a Antárctida", sublinha a nota de imprensa.