Palcos da semana: ordem para dançar, desconfiar e outras liberdades
Os próximos dias são movidos a Sónar, Encontros de Novas Dramaturgias, Belém Soundcheck, Abril por Sérgio Godinho e Joana Marques a anti-ajudar em grande.
Vamos dançar, aliás, Sónar?
Tiga & Hudson Mohawke em modo L’Ecstasy. Inteligência artificial aplicada à desconstrução do preconceito por Sevdaliza. A crueza de Helena Hauff. A maquinaria de Marie Davidson. Paul Kalkbrenner, o grande agitador das noites berlinenses. Ivan Smagghe e Manfredas juntos sob o nome Dresden. Os belgas 2manyDJs a chamarem Erol Alkan e Éclair Fifi para exponenciar a diversão. Branko a lançar Soma. E Grove no ponto “onde o mosh pit e a rave se encontram”.
É o Sónar a fazer-se sentir novamente por cá, naquela que é a terceira réplica lisboeta do festival catalão epicentral para a música electrónica. Este é apenas um punhado dos artistas alinhados. São mais de 50 no total, repartidos por três palcos e organizados segundo a dinâmica diurna/nocturna característica do festival. Fora da pista de dança, pede-se atenção a Marcos Límbicos, a instalação imersiva que o colectivo Zabra criou para a ocasião, na Estufa Fria.
END em criação
Seja em espectáculos, ensaios abertos, residências, oficinas, leituras ou outros formatos, o END - Encontros de Novas Dramaturgias “promove e divulga a escrita original para teatro e outras artes performativas” – objectivo reafirmado, nesta sexta edição, num programa de seis dias, repartidos entre Guimarães e Coimbra.
Entre os convocados por Mickaël de Oliveira, director artístico da bienal, estão criadores como Cristina Planas Leitão com [O Sistema], Diego Bragà e sua Superputa Spiritual, Tiago Cadete num Manjar, Luís Araújo e A Peça Que Falta, Sara Carinhas numa Última Memória ou Lígia Soares e Henrique Furtado a Morrer pelos Passarinhos.
Extremamente de desconfiar
Joana Marques aplica o tom Extremamente Desagradável da sua rubrica de rádio (e respectivo podcast no topo de audições) a Desconfia, uma palestra desmotivacional que emula o espectáculo de autoconhecimento dado por tantos “gurus” que lhe têm dado material para a sátira.
Tal como eles, a humorista enche uma grande sala (duas vezes) de discípulos sedentos das suas lições e de convidados prontos a (anti-)ajudar. Se há-de melhorar vidas, não sabemos. Certo é que esta “coach” globalizada (no sentido em que ganhou Globos de Ouro), também autora do livro Vai Tudo Correr Mal, é um fenómeno por si.
Um novo Soundcheck
Na casa que durante anos albergou as enchentes dos Dias da Música nasce um novo festival – muito diferente nos moldes, semelhante no eclectismo. Chama-se Belém Soundcheck e tem tanto de fado como de jazz, clássica, DJing ou… Patti Smith. A poetisa do punk é a estrela do cartaz, em dupla presença com a performance Correspondences (que também passa por Braga, dia 24) e com a exposição/instalação Evidence, ambas em colaboração com o Soundwalk Collective.
Ao Soundcheck vão também Camané numa Inquietação em honra de José Mário Branco, Maria João a cantar Songs for Shakespeare, Il Giardino Armonico com o violoncelista Giovanni Sollima, o novo Y’Y do brasileiro Amaro Freitas, o trip9love…??? de Tirzah e o grupo de câmara Kremerata Baltica com o violinista-fundador Gidon Kremer, além dos DJ Switchdance, Pedro Ricardo, Funkamente, Sama Yax e Luísa no remate de cada dia.
Liberdade25 a passar
Se a liberdade sempre passou pela música de Sérgio Godinho, em ano de cinquentenário do 25 de Abril ela faz-se ouvir de forma particular. O cantautor está prestes a levar aos coliseus Liberdade25, um espectáculo repleto de memórias da sua discografia, entretecidas com a história do país desde as pautas mais antigas até às aventuras mais recentes.
É também um momento de cumplicidades: por um lado, com Os Assessores, a banda que o acompanha fielmente; por outro, com A Garota Não e o coro a cappella Canto Nono, convidados especiais destes concertos. Quem não conseguir apanhá-lo aqui (que a corrida aos bilhetes foi grande) tem toda uma digressão por onde escolher, pelo ano fora e um pouco por todo o país.