Professores: indução e mentoria

A investigação sobre a formação dos professores, a valorização da carreira docente tanto no início como no seu decurso é sempre bem recebida para quem está no mundo da educação.

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Julia M Cameron/pexels
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No passado dia 20 de fevereiro realizou-se a conferência final do Projeto LOOP. Aalém dos parceiros internacionais, como a Itália, Croácia, Grécia, Eslovénia e Espanha, estava Portugal, que coordenou o projeto. O Ministério da Educação foi um dos parceiros nacionais, juntamente com o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, a Casa do Professor e a Inova+.

A investigação sobre a formação dos professores, a valorização da carreira docente tanto no início como no seu decurso é sempre bem recebida para quem está no mundo da educação. Como alguém dizia, “não há nada mais prático do que uma boa teoria”, a ver vamos onde chegam não só as conclusões finais sobre indução da carreira docente e os processos de peer mentoring entre professores.

A indução de novos profissionais nas suas carreiras não será novidade em algumas áreas, mas é com toda a certeza algo de novo na carreira dos professores. De facto, a profissionalização através de um mestrado não confere aos novos professores o know how da vivência na escola, nem tão pouco as subtilezas na planificação de conteúdos sob a forma de trabalhos e tarefas para alcançar os objetivos de aprendizagem nas suas disciplinas. Não lhes dá a visão da importância da aprendizagem em detrimento da dimensão do processo de ensino.

A prática do profissionalismo docente em ambiente escolar é determinante para a sua confirmação na carreira, para o desenvolvimento da capacidade de estabelecer relações pedagógicas significativas, ou seja empáticas, assertivas e que sejam motores de mudança social numa base democrática e humanista.

Uma nova possibilidade na profissão, quando se atinge maturidade considerável, é apresentada como uma parte indispensável na indução. Refiro-me ao papel do mentor. Muitos consideram que o que o mentor faz, todos podem fazer ou já fazem de forma fácil e simples. Para se ser mentor de forma intencional e sistemática é necessário ter formação séria e de qualidade. Um dos resultados do LOOP é precisamente esse: os mentores que não tiveram formação sentiram-se mais perdidos no seu papel de mentores e necessitaram de mais apoio por parte dos gestores do programa do que aqueles que tiveram formação.

Os professores em condições elegíveis para fazerem o plano de indução e por isso mesmo para serem mentorandos ou mentees, em inglês, sentiram os seus mentores como preciosas ajudas na sua adaptação à escola, às funções que lhes foram atribuídas, à gestão da sala de aula e a muitas tarefas inerentes à sua profissão, como seja, marcar uma visita de estudo ou atender encarregados de educação. A gestão do stress e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são também temas tratados no programa de indução.

O mentoring é uma área que se adequa muitíssimo bem à profissão docente assim como a todas ou quase todas as áreas, uma vez que se baseia no serviço ao outro com base em competências como a escuta ativa, a realização de perguntas transformadoras, a partilha da sabedoria acumulada através experiência, o alargamento do seu networking e por último, aconselhar, nas diversas formas de o fazer. O estabelecimento da relação entre mentor e mentee é determinante para que esta parceria funcione plenamente.

O LOOP baseia a indução em peer mentoring, ou seja, mentoring entre pares. Na relação de mentoring tanto mentores como mentees ganham ao longo do processo. No LOOP são elegíveis para mentores, profissionais com determinadas características, por exemplo, professores com suficientes anos de serviço, com sabedoria e capacidade de ajudarem na adaptação e crescimento dos professores novos ou professores em situação de mudança.

Estes professores mentores sentem-se muito úteis e cheios de força e motivação, ao percebem que a experiência acumulada e o conhecimento de anos da sua profissão dá-lhes a possibilidade de serem mentores e por isso de poderem ter formação de qualidade e exercerem mentoring de forma consciente e intencional e de serem muito úteis aos professores novos, à escola, à cultura de escola e a toda a comunidade educativa, numa altura da carreira em que já se sentiam em fim de ciclo.

O programa de indução da profissão docente baseado em mentoring é uma grande mais-valia para a carreira e para a profissão, valorizando-a e reconhecendo o valor incontornável dos professores como protagonistas na construção de políticas e práticas do sistema educativo.

Este tipo de investigação e estudos sócio-construtivistas são marcos significativos, mostrando-se essenciais na consideração de novas políticas educativas no caminho da revitalização da carreira e da aceleração na aprendizagem prática da mesma, com gosto, segurança e confiança.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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