Uma cópia completa Les Voyages du Sieur de Champlain, Xaintongeoi foi vendida em leilão por 1.320.500 dólares (mais de 1.227.000 euros). O manuscrito foi escrito no século XVII pelo explorador Samuel de Champlain (1567-1635), apelidado de “pai da Nova França”, e apresenta mapas raros do Canadá.
Trata-se da primeira edição do primeiro relato de todas as quatro viagens do navegador francês Champlain à América realizadas entre 1604 e 1613, um livro no qual figura o primeiro mapa a indicar uma cadeia de Grandes Lagos no território canadiano.
Nas suas páginas, o aventureiro relata a exploração em quatro viagens de grande parte da América do Norte — a costa atlântica, o interior do Canadá e a região dos Grandes Lagos —, mapeando essas áreas, a sua fauna e flora com detalhes e precisão sem precedentes.
Nascido de uma família de marinheiros, Samuel de Champlain, conhecido como “pai da Nova França”, foi um explorador, colono, navegador, cartógrafo, desenhador, soldado, geógrafo, etnólogo, diplomata e cronista, tendo realizado mais de vinte viagens pelo Atlântico e fundado o Quebeque e a Nova França. Figura incontornável da história do Canadá, criou o primeiro mapa costeiro preciso e navegou de canoa para o interior até ao lago Huron.
Segundo a Christie's, que vendeu o seu primeiro livro ilustrado, com representações dos povos indígenas, Champlain era "um observador perspicaz, um cronista honesto e um artista talentoso" que dependia "apenas do seu conhecimento em primeira mão e daquilo que aprendia com os nativos para a sua geografia".
No interior da obra, com oito mapas dobráveis, há uma pequena figura disparando uma espingarda, um autorretrato de Champlain e o único retrato conhecido dele em vida. "É também a primeira representação publicada de qualquer cena da actual Nova Iorque", escreve a leiloeira, que etiquetou o livro de "muito raro". De acordo com os registos, apenas duas cópias completas tinham sido vendidas em leilão nos últimos cinquenta anos (1991 e 2009).
O manuscrito, disponível gratuitamente para consulta no site da Biblioteca Nacional de França, torna-se agora o "segundo livro de viagens mais caro do mundo”, segundo a revista Geo, que aponta uma teoria para a sua "rápida ascensão" na marinha, onde serviu figuras da grande nobreza de então. "Ele teria sido filho ilegítimo do rei Henrique IV.
O exemplar agora vendido é um dos poucos exemplares completos conhecidos até hoje. O recorde anterior do manuscrito completo era da chamada "cópia Siebert-McKinney", vendida por 758 mil dólares pela Bloomsbury's em 2009. Dez anos antes, já aparecia na lista dos documentos científicos mais caros de todos os tempos.
De acordo com a Geo, Liber insularum Arcipelagi, escrito pelo padre franciscano Christoforo Buondelmonti no século XV, foi vendido por 1.762.500 dólares (cerca de 1.63.845 euros) em Abril de 2012 e continua imbatível.