Antigo ministro Couto dos Santos encontrado morto num campo de golfe
O corpo do antigo governante já seguiu para o Instituto de Medicina Legal do Porto. Polícia Judiciária diz “não haver indícios de morte violenta”.
O corpo encontrado nesta segunda-feira, 6 de Janeiro, num lago no Citygolf, na Senhora da Hora, em Matosinhos, é do antigo ministro social-democrata António Fernando Couto dos Santos, revelaram à Lusa fontes dos Bombeiros de São Mamede de Infesta e do PSD.
Couto dos Santos, de 75 anos, foi por três vezes ministro de Aníbal Cavaco Silva, gerindo as pastas da Educação (1992-1993), Assuntos Parlamentares (1991-1992) e da Juventude (1987-1991), tendo antes sido secretário de Estado da Juventude, Qualidade de Vida e Ambiente.
Segundo a fonte dos bombeiros, o corpo do antigo governante já seguiu para o Instituto de Medicina Legal do Porto. As causas da morte ainda não são conhecidas.
Entretanto, a Polícia Judiciária afirmou à Lusa "não haver indícios de morte violenta", pelo que a polícia de investigação "não foi, até agora, accionada, nem esteve no local". Também não foi esvaziado o lago em que foi encontrado o corpo, ao contrário da informação avançada inicialmente por fonte dos bombeiros citada pela Lusa.
O alerta foi dado pelas 11h e, à chegada dos meios ao local, o homem já se encontrava morto, acrescentou.
Foram mobilizados para o clube de golfe, que se encontra agora encerrado, elementos dos Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta, do INEM, da PSP e da Protecção Civil de Matosinhos.
Couto dos Santos nasceu em 18 de Maio de 1949, em Forjães, no concelho de Esposende. Concluiu o ensino secundário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, e licenciou-se em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico da mesma cidade.
Enquanto ministro da Educação, enfrentou um período de forte contestação estudantil às propinas e à Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior (PGA), que acabou por conduzir à sua demissão.
Entre manifestações, conflitos institucionais e carga policial sobre estudantes, desses agitados anos entre 1991 e 1994 ficou também a imagem de quatro rapazes de calças em baixo, com uma mensagem para o ministro Couto dos Santos, no último dia do Congresso Nacional do Ensino Superior: "Não pago", lia-se nas suas nádegas.
Além dos cargos que ocupou no Governo, esteve ligado à administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP) entre 1995 e 2007; e foi presidente da Casa da Música, no Porto, entre 2004 e 2005. Regressaria em 2011 à Assembleia da República enquanto deputado eleito pelo distrito de Aveiro, durante o Governo de Pedro Passos Coelhos.
No Partido Social Democrata, foi também presidente da distrital de Setúbal, membro da assembleia distrital do Porto e membro do Conselho Nacional do partido.
O antigo governante e conhecido adepto leonino chegou ainda a vice-presidente do seu clube, o Sporting, em 1999, durante a presidência de José Roquete.
Mais recentemente, desempenhou funções de cônsul honorário da Rússia no Porto, tendo apresentado a sua recusa ao lugar a 26 de Fevereiro de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia.
PSD manifesta pesar pela morte de “ilustre militante”
O Partido Social Democrata já reagiu à morte e manifestou o seu “profundo pesar” pela morte do antigo ministro.
“Foi com profundo pesar que a direcção nacional do PSD recebeu a notícia da morte de António Couto dos Santos (…). A direcção do PSD perdeu hoje um amigo, o partido um ilustre militante e o país um dos principais defensores da causa pública”, refere uma nota de pesar enviada à comunicação social. “O PSD manifesta sentidas condolências à família de Couto dos Santos."
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recorreu às redes sociais para lamentar a notícia da morte. "Foi com profunda consternação e choque que recebi a notícia da morte de Couto dos Santos. Para além de ser um amigo, foi governante e deputado em fases desafiantes e bem-sucedidas da nossa vida democrática", escreveu na rede social X. "Enalteço nesta hora a sua frontalidade, humanismo e competência."
Em declarações à Lusa, Aníbal Cavaco Silva manifestou-se "profundamente chocado" com a morte de Couto dos Santos, que recordou como "um elemento muito importante" nos seus executivos nas décadas de 1980 e 1990 e "um político que não fugiu às suas responsabilidades".
"Na pasta da Educação, num tempo de grandes transformações, teve de tomar decisões muito corajosas. Pedi-lhe, num momento difícil das questões de educação, que assumisse a responsabilidade por essa pasta e ele aceitou. E não fugiu às suas responsabilidades", destacou o antigo Presidente da República. com Lusa