Oppenheimer lidera a corrida aos Óscares 2024 com 13 nomeações

Barbie, o filme que mais facturou em 2023, não está no pódio das nomeações aos prémios da Academia: Pobres Criaturas e Os Assassinos da Lua das Flores passaram-lhe à frente.

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A corrida aos Óscares 2024 tem um líder: Oppenheimer. Cillian Murphy compete na categoria de Melhor Actor dr
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Os Óscares de 2024 acontecem a 10 de Março Santi Visalli/Getty Images
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Os Assassinos da Lua das Flores, o olhar sombrio de Scorsese sobre a história americana dr
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Na banda sonora de Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, pontifica Carminho numa sequência passada numa Lisboa futurista dr
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Anatomia de uma Queda chega na próxima semana às salas portuguesas dr
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Justine Triet, uma das três realizadoras de filmes destacados mas a única nomeada na categoria de realização Yann Rabanier?
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Depois da vitória nos Globos de Ouro, Oppenheimer, de Christopher Nolan, domina as nomeações para os Óscares de 2024: 13 nomeações, entre as quais a de melhor filme, realização ou, na categoria de interpretação, os destaques para Cillian Murphy, Rober Downey Jr. e Emily Blunt.

Não chegou a acontecer um novo Barbenheimer, o fenómeno global das bilheteiras de 2023, mais de dois mil milhões de dólares, que juntou o biopic sobre o inventor da bomba atómica ao retrato desconstruído da boneca Barbie. Entre Nolan e Greta Gerwig, realizadora de Barbie que, curiosamente, se vê preterida na categoria de realização nestas nomeações, interpõem-se Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, filme que chega esta semana ao mercado português, com 11 nomeações, e Os Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, com dez.

O tom é de épico, a pensar na duração longa dos filmes de Nolan e de Scorsese e do olhar sombrio sobre a história americana, e de barroquismo visual, por causa também do filme do grego Lanthimos, alguém que começou por se distinguir nas margens e que agora está no mainstream da indústria com monstrinhos à la Tim Burton. Por isso se explica o sucesso: é a burtonização de Yorgos Lanthimos.

Há uma esquina portuguesa nas nomeações de Pobres Criaturas, citado pela banda sonora original: aí ao lado pontifica Carminho numa sequência passada numa Lisboa futurista mas ainda assim com pastéis de nata. E o caso sobretudo da longa de animação Homem-Aranha: Através do Aranhaverso: é co-realizada por Joaquim dos Santos, português radicado nos EUA, Kemp Powers e Justin K. Thompson. É o único canto português destes Óscares, uma vez que Um Caroço de Abacate, de Ary Zara, não foi além da lista dos pré-nomeados na categoria da curta-metragem.

São estes os concorrentes ao Óscar de Melhor Filme, cerimónia marcada para o Dolby Theater, dia 10 de Março, com apresentação de Jimmy Kimmel: Oppenheimer, Barbie, Pobres Criaturas, Os Assassinos da Lua das Flores, Os Excluídos —​ surge Alexander Payne em tom sotto voce, um filme que se passa nos anos 70 num colégio americano, mas que sobretudo quer colocar-se nessa era como se ela fosse o presente do espectador de cinema de hoje, uma utopia portanto —, Maestro (há ecos, ainda assim, de que este foi um filme pouco visto nos EUA), American Fiction, Vidas Passadas, delicado reencontro com fantasmas do passado, por Celine Song, que veremos em breve, Anatomia de uma Queda (chega na próxima semana às salas portuguesas, é o filme de que se fala) e A Zona de Interesse (o filme de Jonathan Glazer é ainda nomeado na categoria de Filme Internacional).

Acontece pela primeira vez que três dos títulos nomeados são realizados por mulheres, casos de Vidas Passadas, Barbie e Anatomia de uma Queda. Mas só Justine Triet foi nomeada na categoria de realização. Onde Martin Scorsese, 81 anos, se torna o nomeado mais velho. Concorre com Lanthimos, Glazer, Nolan e Triet. Um dos grandes cineastas revelados em 2023/2024 foi aqui esquecido: Bradley Cooper.

Uma história de vingança

Se baixarmos o tom para algo de menos tonitruante poderemos saborear, ainda assim, pequenas "histórias": a competição que se antecipa já na categoria de melhor actor entre Cillian Murphy e Paul Giamatti, o vencedor dos Globos de Ouro por Os Excluídos e que é um dos cinco nomeados ao lado de Bradley Cooper (Maestro), Colman Domingo (Rustin) e Jeffrey Wright (American Fiction) tem sido notada a exclusão de Leonardo diCaprio (Assassinos da Lua das Flores); a escolha de Ryan Gosling, na categoria de melhor intérprete secundário, mas não de Margot Robbie como melhor actriz pelo mesmo filme, ela que também é produtora de Barbie; o sereno mas triunfante passeio que será o de Lily Gladstone, nomeada para melhor actriz pelo filme de Scorsese (o melhor dessa obra, aliás), a primeira vez que isso acontece a uma actriz indígena, numa categoria em que concorrem Annette Bening por Nyad, Carey Mulligan por Maestro, Emma Stone por Pobres Criaturas e Sandra Hüller por Anatomia de uma Queda. Constituindo a nomeação deste filme uma história de vingança.

Tendo recebido a Palma de Ouro de Cannes em 2023, a terceira a ser atribuída a uma cineasta depois dos anos de Jane Campion (O Piano) e Julia Ducournau (Titane), Anatomie d'une Chute, título original, atraiu mais de um milhão de espectadores em França, foi considerado o melhor filme europeu do ano e recebeu ainda dois Globos de Ouro. Last but not least, está na lista dos filmes do ano do ex-Presidente Obama. Vê-se agora coroado com cinco nomeações: filme, realização, argumento original, montagem e actriz. A vingança é esta: não tendo sido considerado pela Academia Francesa para a nomeação de Óscar para Melhor Filme Internacional, candidatura que coube a La Passion de Dodin Bouffant/O Sabor da Vida, de Tran Anh Hung (estava na short list mas foi eliminado da corrida, tendo o mesmo acontecido a Folhas Caídas, de Aki Kaurismäki), será o responsável por qualquer festa francesa que possa acontecer em Hollywood. Há quem sonhe em francês: ver repetido o triunfo de O Artista, em 2012.

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