Os Óscares (e não só) vêem-se gregos com Pobres Criaturas
Com 11 nomeações para os Óscares, incluindo na categoria de Melhor Filme, a mais recente bizarria do surrealista grego Yorgos Lanthimos estreia-se esta quinta-feira em Portugal.
Para quem se recorda do primeiro filme exibido entre nós do grego Yorgos Lanthimos, Canino, Pobres Criaturas traz qualquer coisa de déjà vu. Naquela longa de 2009 falava-se de um pai que mantinha as suas crianças fechadas longe do mundo real, prisioneiras de um mundo estanque onde a própria linguagem se desintegrava. Quinze anos depois, o orçamento é muito maior (mercê dos milhões da ex-Fox Searchlight), em vez de actores gregos temos estrelas de Hollywood, e Pobres Criaturas é uma adaptação de um romance do escocês Alasdair Gray. Mas há a sensação de um círculo que se fecha: o novo filme é a história de uma criança que se “revolta” contra o pai que a mantém fechada longe do mundo, uma “experiência laboratorial” que invoca a sua senciência para lhe ser dado livre arbítrio. O que não é descabido visto que Bella Baxter é verdadeiramente um “monstro de Frankenstein”, cérebro de criança em evolução rápida num corpo de adulta perfeitamente formado, que aprende a ser mulher numa sociedade vitoriana retro-futurista-gótica, universo paralelo dentro de universo paralelo.
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