Aveiro preparada para seis dias de “chuva” de cavacas

O Bairro da Beira-Mar volta a viver uma festa rija à volta do seu padroeiro. Pedro Abrunhosa e Toy estão entre os cabeças de cartaz.

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As cavacas são atiradas do alto da capela Adriano Miranda
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Nas últimas semanas, Fernanda Costa Sousa não teve mãos a medir para dar resposta às encomendas de cavacas. “Nem houve tempo para fazer um bilharaco, nem uma filhós”, testemunhou a doceira, de 67 anos, originária de Arrancada do Vouga, em Águeda, e que há “uns 50 anos” é presença assídua nas Festas de São Gonçalinho, em Aveiro. Produz para vender na sua banca, mas também para fornecer a mordomia. Contas feitas, nas últimas semanas teve que produzir umas “três toneladas e meia” de cavacas, “tudo cozido a forno a lenha”, vincava a poucas horas de começar a ver os seus doces (e de outros produtores) a serem atirados do alto da capela. Assim vai ser ao longo dos próximos dias, e até segunda-feira, em honra de um santo que as gentes do bairro da Beira-Mar, em Aveiro, tratam por “menino”. Além da “chuva” de cavacas, a festa promete grandes concertos, arruadas e celebrações religiosas. E muitos brindes com licor de alguidar, a bebida de menta produzida na Beira-Mar.

“Esta é uma festa de bairro com uma dimensão nacional”, ilustrou Nuno Portela, juiz da Mordomia de São Gonçalinho, ao PÚBLICO. São cada vez mais aqueles que viajam até Aveiro, por estes dias, atraídos por essa “tradição peculiar do lançamento das cavacas”, notava, por seu turno, o mordomo João Quintaneiro.

Este ano, a mordomia teve que encomendar “6,5 toneladas” deste doce para fazer face à procura dos devotos e simpatizantes de São Gonçalinho, superando o número do ano passado (5,5 toneladas). Quer isto dizer que, nos dias fortes da festa (sábado e domingo), a fila para subir à capela e lançar as cavacas – em cumprimento das promessas – pode ser grande. “Às vezes, chega a haver três horas de espera”, notou Nuno Portela.

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As cavacas em produção em Nobrijo (Branca, Albergaria-a-Velha) Paulo Pimenta

Tudo depende da prestação de São Pedro. “Quando não chove, vem muita gente e vendem-se muitos doces. Cavacas, acima de tudo, mas também bolos de gema e suspiros”, garantiu Susana Ferreira, de 51 anos, outra das vendedoras habituais da festa. “Este ano, fiz duas toneladas de cavacas”, acrescentou.

Esta edição das Festas de São Gonçalinho fica marcada pela estreia de um novo palco e recinto para os concertos, o recentemente requalificado Largo do Rossio. É por ali que irá acontecer o concerto de Carolina Deslandes (esta quarta-feira), as actuações da Tuna Universitária de Aveiro e da Tuna Feminina da Associação Académica da Universidade de Aveiro (quinta-feira), e dos Moonshiners, antecedidos de Freddy Strings e os GrooveFellas (sexta-feira).

Um dos momentos altos acontece no sábado, com a actuação de Pedro Abrunhosa e os Comité Caviar a Aveiro, numa noite que terminará com uma festa dos anos 1980 como os Djs Gabriel e André Neto. No domingo, o destaque vai para a banda Kind of Magic, com o seu tributo aos Queen. Na segunda, dia 15, o palco estará por conta do Toy e a sua banda.

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Também haverá, conforme seria de esperar, vários momentos religiosos – durante os quais não há lançamento de cavacas, à semelhança do que acontece aquando das arruadas -, assim como momentos pensados para os mais velhos e também para os mais novos. A tarde do dia 12 é destinada à população sénior, com um espectáculo promovido e preparado para o propósito, por Pedro Russo. No dia 15, acontece a habitual animação infantil direccionada às escolas básicas de Aveiro.

Para os fãs de fogo-de-artifício, há três momentos de destaque: os espectáculos pirotécnicos à meia-noite de sábado e domingo, e o espectáculo piromusical à meia-noite de segunda.

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