Barbies cientistas e médicas devem ser feitas com maior precisão, diz novo estudo

A investigadora queixa-se de que a maioria das bonecas não traz os acessórios adequados à profissão da área médica ou científica. “A segurança vem antes da moda”, escreve-se no editorial.

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Quase todas as Barbies eram adultas (98%), mulheres (93%) e brancas (59%) DR
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Apesar de a primeira Barbie cirurgiã ter aparecido em 1973 e já tantas outras terem surgido desde então, acaba de ser publicado um estudo que defende continuar a ser preciso expandir a variedade de bonecas com profissões na área científica e médica, “onde as mulheres e outros grupos sub-representados se mantêm uma minoria”. O novo artigo científico, publicado na edição de Natal da revista BMJ, analisou a diversidade de mais de uma centena de bonecas: nenhuma delas tinha qualquer deficiência e falta precisão.

Desde que foi criada por Ruth Handler, em 1959, a Barbie já foi um pouco de tudo, transmitindo que as crianças podem aspirar ser o que quiserem. Ainda que a boneca da Mattel já tenha sido amplamente estudada, incluindo no que toca a padrões irreais de beleza, havia uma lacuna nos artigos científicos: determinar o rigor profissional das bonecas que representam carreiras médicas ou científicas.

Então, a investigadora norte-americana Katherine Klamer, da Universidade do Indiana, dedicou-se a identificar os tipos de profissão científica que a Barbie tem em comparação com bonecas de outras marcas e se cumprem ou não os requisitos de segurança clínica ou laboratorial.

A investigadora analisou 92 Barbies profissionais (53 médicas, dez cientistas, duas professoras de ciência, 15 enfermeiras, 11 dentistas e uma paramédica) em comparação com 65 bonecas de outras marcas (26 médicas, 27 cientistas, sete enfermeiras, duas dentistas, duas engenheiras e uma técnica de radiografia) entre Julho e Novembro deste ano. Teve em conta critérios como a roupa, os acessórios, a embalagem e os dispositivos de protecção pessoal, como máscaras ou luvas, que as bonecas traziam.

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Quase todas as Barbies eram adultas (98%), mulheres (93%) e brancas (59%) e nenhuma apresentava qualquer deficiência física. Já 32% das bonecas de outras marcas eram brancas e apenas uma tinha um braço prostético. No que toca às que representam profissionais da saúde, 66% das bonecas da Mattel tratam crianças, com apenas três das bonecas a serem representadas com doentes adultos.

Saltos altos no laboratório?

Além de três oftalmologistas, a maioria das Barbies também parece não ter especialidade médica ou aparenta ser pediatra, sem subespecialidade. Grande parte traz incluídos acessórios como casacos laboratoriais, microscópios, estetoscópios e óculos. “Contudo, nenhuma a boneca cumpriu integralmente as normas de segurança profissional para os seus respectivos domínios”, determina a investigadora, em comunicado. Por exemplo, “98% das Barbies vinha com estetoscópios, mas apenas 4% tinha máscaras faciais e nenhuma trazia luvas”.

Ademais, dois terços de todas as bonecas nesta área científica vêm com o cabelo solto e mais de metade calça saltos altos, mesmo em cenários onde estes seriam “desencorajados” ou “activamente proibidos por razões de segurança”. E das 12 cientistas da Barbie, nenhuma usava equipamentos de protecção pessoal. Ainda que as bonecas de outras marcas tenham maior diversidade do que as da Mattel, também pecavam neste tipo de acessórios.

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A autora reconhece que a pesquisa possa ser superficial, apesar de ter tentado incluir tantas profissões médicas quanto possível, ainda assim correndo o risco de ter ignorado algumas bonecas. Todavia, a mensagem para o futuro que Katherine Klamer pretende passar ficar clara: é preciso criar bonecas melhores, mais reais e mais diversas. “Para o bem das jovens meninas, tal como para o seu próprio bem, a Barbie deve continuar a partir telhados de vidro”, reforça.

“Como cirurgiãs em áreas dominadas por homens, apoiamos a conclusão de Klamer de que as Barbies devem representar um campo mais diversificado de profissões médicas e científicas. A segurança vem antes da moda”, concorda a colega Sareh Parangi no editorial da edição de Natal da BMJ.

A cientista e várias colegas oferecem-se ainda para “aconselhar” a Mattel nos equipamentos correctos para tornar as bonecas “realistas e divertidas”. E terminam: “Com uma linha expandida, as Barbies podem inspirar a visão das meninas sobre a cirurgia e ciência. Que melhor maneira de tornar a Barbie pioneira, como já foi no passado?”

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