As mulheres, os livros e as memórias: eis os vencedores do Porto/Post/Doc

Décima edição do festival premeia a basca María Elorza e o português Ricardo Leite, num palmarés representativo do que foi a programação de 2023.

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A Los Libros y a las Mujeres Canto, de María Elorza, vencedor da competição internacional do Porto/Post/Doc 2023
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O poder da literatura e a paixão pelos livros no ensaio de María Elorza
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Lucefece: Where There Is No Vision, the People Will Perish, de Ricardo Leite venceu na secção Cinema Falado
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A Los Libros y a las Mujeres Canto, de María Elorza, e Lucefece: Where There Is No Vision, the People Will Perish, de Ricardo Leite, são os títulos vencedores da décima edição do Porto/Post/Doc. Anunciados em cerimónia de encerramento que decorreu ao fim da tarde deste sábado no Batalha Centro de Cinema, que foi este ano pela primeira vez o centro do festival de cinema do real, os vencedores das duas competições principais são bons exemplos da linha de programação do Porto/Post/Doc: filmes que partem de experiências pessoais e familiares dos seus autores para falar da história e do mundo.

Na Competição Internacional, este ano de excelente nível médio, vários filmes mereceriam ter ganho o Grande Prémio Vicente Pinto Abreu. Mas a escolha do júri, composto pela realizadora georgiana Salome Jashi, pelo crítico americano Leo Goldsmith e pelo programador espanhol José Luis Cienfuegos, recaiu sobre o delicioso ensaio de María Elorza sobre o poder da literatura e a paixão pelos livros. A cineasta foi, também, alvo de um foco de carreira nesta edição, com a exibição das curtas-metragens que antecederam esta sua estreia no formato longo.

No concurso Cinema Falado, dedicado a obras em língua portuguesa, o júri, formado pela investigadora portuguesa Maria do Carmo Piçarra e pelos críticos e programadores Mathieu Orléan (francês) e Luis E. Parés (espanhol), atribuiu uma menção honrosa à notável curta de Basil da Cunha 2720, mas escolheu “por unanimidade” Lucefece, segunda longa de Ricardo Leite, estreada na competição do Doclisboa. Projecto no qual o realizador, igualmente um dos responsáveis dos ateliers do laboratório de revelação da Casa do Xisto, trabalhou durante longos anos, integrando materiais de arquivo próprio e alheios numa espécie de autobiografia artística e emocional, Lucefece está muito longe de ser o nosso título preferido entre os propostos, mas o júri mostrou-se sensível à “materialidade química, quase alquímica, física” do próprio objecto.

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Na competição de filmes de jovens cineastas Cinema Novo, o prémio coube a Rubab, de Marta Vaz cortesia porto/post/doc

Três outros filmes foram ainda premiados. Na competição de filmes musicais Transmission, o vencedor foi Siete Jereles, um novo olhar sobre a prática do flamenco pelos espanhóis Gonzalo García Pelayo e Pedro G. Romero. Na competição de filmes de jovens cineastas Cinema Novo, o prémio coube a Rubab, de Marta Vaz, documentário sobre a aclimatação dos alunos da escola de música de Cabul ao nosso país. E um júri de alunos do ensino secundário atribuiu o prémio Teenage ao documentário polaco Girls’ Stories, de Aga Borzym, exibido na secção Docs4Teens.


Palmarés

Grande Prémio Vicente Pinto Abreu - A Los Libros y a Las Mujeres Canto, de María Elorza (Espanha)
Prémio Cinema Falado - Lucefece: Where There Is No Vision, the People Will Perish, de Ricardo Leite (Portugal)
Prémio Transmission - Siete Jereles, de Gonzalo García Pelayo e Pedro G. Romero (Espanha)
Prémio Cinema Novo - Rubab, de Marta Vaz (Portugal)
Prémio Teenage - Girls’ Stories, de Aga Borzym
Prémio Working Class Heroes - Filmaporto - Cape of the World, de Tomás Baltazar
Prémio Arché - Bocaína, de Pedro Gonçalves Ribeiro

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