Quando assim quis, o Inter amassou o Benfica na Liga dos Campeões

Dizer que os “encarnados” sofreram em Milão é um eufemismo. O resultado é, por incrível que pareça, o melhor que os portugueses levam de um jogo terrível.

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Benfica e Inter em duelo em Milão Reuters/DANIELE MASCOLO
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Dificilmente alguém dirá que nesta quarta-feira o Benfica foi massacrado pelo Inter na primeira parte, mesmo com algumas oportunidades de golo dos italianos. Mas também dificilmente alguém argumentará que o que se passou depois do intervalo não justificaria uma derrota maior – bem maior – do que o 1-0 que o Benfica traz de Milão, em jogo do grupo D da Liga dos Campeões.

A equipa portuguesa foi amassada na segunda parte, depois da opção clara da equipa italiana de começar a pressionar bem mais alto, percebendo as dificuldades “encarnadas” para construir – e sabendo, provavelmente, das já conhecidas fragilidades na transição defensiva de uma equipa que se parte com facilidade. E se o Benfica já sofreu disso na Liga portuguesa, é fácil prever o que acontecerá entre a nata europeia.

Trubin, que começou mal no Benfica, teve um desempenho de bom nível e salvou a equipa de um resultado embaraçoso. E o resultado, por incrível que pareça, é o melhor que o Benfica leva deste jogo.

Neres a ponta-de-lança

Para este jogo havia a dúvida de como Roger Schmidt geriria a questão Neres, cujo estatuto de suplente deixou de fazer sentido pelo nível apresentado nos últimos dois jogos. E o técnico alemão, talvez por ter pela frente um jogo europeu frente a um “tubarão” – e fora de casa – acabou por usar isso como uma bênção que lhe permitiu optar pela gestão de egos, mantendo Neres e Di María juntos em campo.

O brasileiro jogou como ponta-de-lança e Aursnes esteve de regresso à ala esquerda, com a entrada de Bernat para lateral. A ideia de um ataque móvel e de um norueguês sempre útil em pressão alta fazia sentido, mas, na prática, foi mal executada.

O Benfica adoptou muitas vezes uma pressão alta e, quando o portador da bola era Acerbi, fazia sentido. Quando eram Pavard ou Bastoni, o Inter quebrava facilmente a pressão com uma bola vertical e a equipa do Benfica ficava partida.

Foi assim aos 3’, aos 8’, aos 9’, aos 14’, aos 24’ e aos 26’, transições sempre conseguidas pela mesma via – e sempre mal definidas em zonas de criação e finalização, para fortuna do Benfica.

Fortuna e mérito, já que várias vezes foram Aursnes e Morato a salvarem o Benfica, ora com o primeiro a cobrir as costas de Bernat, ora com o segundo a ser decisivo em bolas divididas – poucas perdeu.

O Inter não teve, como nunca tem, problema em dar muita bola ao Benfica, que criou perigo num par de transições e num lançamento lateral executado rapidamente, mas com dificuldade em ataque posicional, até pela inutilidade de dar a Neres a missão de jogar como apoio frontal, de costas para a baliza.

“Amasso” total

A segunda parte trouxe um jogo diferente. O Inter regressou a pressionar claramente mais alto, algo que ainda não tinha feito. E também atacou mais o espaço, algo também novo no jogo italiano nesta partida. Mas o Benfica não mudou nada – nessa medida, continuou a projectar criativos e laterais, com o risco permanente que já tem dado à equipa muita incapacidade de reagir a perdas de bola em zona de construção e criação.

O Inter avisou uma vez. Avisou duas. Avisou três (até com bola à trave). Avisou quatro (bola ao poste). O golo parecia uma questão de tempo, até porque o Benfica nem conseguia fazer três passes seguidos.

E assim foi. Sem surpresa, uma bola perdida por Bernat apanhou a equipa descompensada. No momento da perda, o Benfica só tinha três jogadores atrás da linha da bola – quando Schmidt fala de equilíbrio, fala também disto. Houve transição e golo de Thuram.

E houve golo anulado logo a seguir, novamente após uma recuperação do Inter no último terço, e duas oportunidades claras perdidas por Lautaro, em mais duas bolas ganhas em zona ofensiva.

Após o intervalo, foi confrangedora a forma como o Inter amassou o Benfica em Milão, sem que os portugueses pudessem fazer o que quer que fosse em contrário.

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