Tagore, ou a grande literatura na denúncia dos nacionalismos

A Casa e o Mundo, de Rabindranath Tagore, nasceu num momento do recrudescer nacionalista do início do século XX. Lido hoje, ressoa em toda a sua força. Um grande clássico com nova edição em Portugal.

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Rabindranath Tagore nasceu em Calcutá em 1861 e morreu na mesma cidade aos 80 anos. As suas facetas de poeta, romancista, músico e dramaturgo fizeram dele o grande reformador da literatura bengali no final do século XIX e início do século XX Bettmann/Getty Images
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Sábio, “santo”, antinacionalista, artisticamente inovador, um espírito interessado numa miríade de temas, que vão da política à ciência, passando pela religião, música e letras, o indiano Rabindranath Tagore, inspirador de muitas adaptações ao cinema por parte de Satyajit Ray (1921-1992), tem um perfil singular na literatura mundial. Conhecido sobretudo pela sua poesia, grande parte ainda por traduzir do bengali mais de 80 anos depois da sua morte, é lido como um dos grandes impulsionadores da literatura moderna e um modelo para os defensores de valores democráticos e universais. Num texto de 2014 integrado no volume Linguagens de Verdade (D. Quixote, 2023), Salman Rushdie alertava para os perigos do nacionalismo e sobre a Índia actual escrevia: “A Índia corre o risco de trair o legado dos seus pais fundadores e dos maiores artistas, como Rabindranath Tagore.”

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