Fãs de Hong Kong e de todo o mundo juntaram-se aos pés de uma estátua de Bruce Lee, na quinta-feira, para prestar homenagem à lenda do kung fu, no dia em que se assinalaram 50 anos sobre a sua morte prematura.
De pé, em frente à estátua de bronze em tamanho real, com o porto Victoria como cenário, uma corrente de fãs tirou fotografias, fez vénias e depositou flores. Outros executaram movimentos de kung fu que eram o cartão-de-visita de Bruce Lee, inspirado na filosofia ecléctica das artes marciais Jeet Kune Do, e lançaram matracas — uma arma que foi popularizada por Lee em vários filmes, ainda que o próprio seja recordado no documentário televisivo I am Bruce Lee (2012) a dizer que as considerava um “pedaço de lixo sem valor”.
Entre a multidão que se juntou em Hong Kong para o aniversário, estavam pessoas da China continental, do resto da Ásia e da Europa.
“Adoro o Bruce Lee desde muito jovem”, explicou Bruce Shin, da Coreia do Sul, que usava um corte à escovinha e óculos de sol de armação grande, imitando o também actor. “O seu corpo e a sua figura eram tão misteriosos. Eu queria ser como ele e fiz musculação durante 50 anos”, acrescentou, enquanto dava gritos agudos e desferia socos rápidos no ar.
Lee, que nasceu em São Francisco, EUA, mas foi criado em Hong Kong, morreu aos 32 anos, a 20 de Julho de 1973, devido a um edema no cérebro, poucos dias antes do lançamento do seu filme de sucesso mundial O Dragão Ataca, de Robert Clouse. Recentemente, um novo estudo defendeu que a estrela morreu de hiponatremia resultante do consumo excessivo de água.
As contribuições de Lee para as artes marciais e a cultura popular inspiraram legiões de fãs em todo o mundo. Mas há quem veja o seu legado como uma relíquia do passado na antiga colónia britânica.
O estilo Wing Chun, que Lee aprendeu com o seu antigo mestre Ip Man (1893-1972), ainda é ensinado em várias escolas, mas tem tido dificuldades em conquistar novos discípulos na metrópole repleta de arranha-céus.
Uma das máximas mais famosas de Lee, “Sê água, meu amigo”, retirada de uma entrevista, inspirou o movimento democrático de Hong Kong de 2019 e serviu de modelo para meses de violentos protestos, em toda a cidade, contra o controlo cada vez mais apertado de Pequim sobre o centro financeiro global, que regressou ao domínio chinês em 1997.
“Poderíamos imaginar que, ao fim de meio século, uma pessoa poderia ser recordada em todo o mundo?”, afirmou Wong Yiu-keung, presidente do Clube Bruce Lee local.
Mas Sophie Uekawa, do Japão, avalia que Lee transcendia qualquer lugar. “É chinês, mas é cosmopolita, não está limitado por uma fronteira. É um ser humano debaixo do céu... Temos de falar dele à nova geração e temos de manter o seu espírito vivo.”