Consultório: rosés, palhetes e petroleiros

Muitos olharão para eles apenas como sendo de Verão, mas estes vinhos estão cada vez mais sérios, complexos, secos e estruturados, muito gastronómicos e aptos para todo o tipo de consumo.

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Os rosés têm vindo a conquistar a preferência de novos consumidores, nomeadamente mulheres e gerações mais jovens Rui Gaudêncio
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Definitivamente, a onda dos vinhos rosados já banha também as mesas portuguesas e esta é uma tendência em contínuo crescimento. Quem não aprecia o brilho de um copo de rosé, a fragrância dos seus aromas e frescura reconfortante? É bonito e sabe bem, principalmente se o tempo é de Verão e pede prazer e descontracção.

Dizem que esta é também uma tendência ditada pela exigência e intuição feminina, que resulta da presença cada vez mais marcante das mulheres no consumo de vinhos. Também a preferência dos novos consumidores, nomeadamente das gerações mais jovens, trouxe um lado mais fresco e colorido, algum glamour e sofisticação.

Graças à boa acidez, reduzida presença de taninos, algum corpo e muita frescura, estes vinhos podem ir até onde os brancos não chegam e oferecer equilíbrio em situações em que os tintos são excessivos. Com oferta diversificada, qualidade e estilos diferenciados, os rosés tendem a deixar de ser vistos apenas como vinhos de Verão. Mas são vinhos cada vez mais sérios, complexos, secos e estruturados, muito gastronómicos e aptos para todo o tipo de consumo.

Por definição, os rosés são uma categoria de tintos, normalmente produzidos através de esmagamento das uvas seguido de um período muito curto de maceração, menos de duas horas em regra, para evitar a extracção de cor e tanino, método que o Instituto da Vinha e do Vinho estima seja utilizado para 88% da produção. Mas nem sempre tem de ser assim.

Há casos em que o vinho rosado é também obtido através do método ancestral da curtimenta conjunta de castas tintas e brancas, procurando assim o equilíbrio de cor, estrutura e taninos. Nalguns casos este é um equilíbrio que vem já estabelecido da vinha, optando os produtores por usar a tradicional designação de “vinho palhete”.

Na tradição alentejana dos vinhos de talha era também da mistura na vinha de castas brancas e tintas que se obtinham os rosados. Pela semelhança de cores, chamavam-lhes “petroleiros”, vinhos que têm voltado a ser produzidos à medida que têm sido recuperados os vinhos de talha.

Para provar neste Verão, três excelentes exemplos de cada um dos estilos: Covela Rosé, da região dos Vinhos Verdes, Confirma-se Palhete, que é novidade no Douro, e Marmoré de Borba Petroleiro. Bom proveito!

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