Consultório: O “espadal” é o rosé dos Vinhos Verdes?

Questões pertinentes e dúvidas persistentes em redor do Vinho Verde, respondidas pelo crítico de vinhos e jornalista de gastronomia José Augusto Moreira.

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Ana Marques Maia/Arquivo Público
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Esta é uma questão que não é linear e remete, por isso, para as célebres respostas do professor Marcelo, o comentador. Ou seja, é, mas pode também não ser. “Espadal” é, no Minho, a designação mais comum e popular para os vinhos da casta espadeiro (e também padeiro), que, sendo absolutamente predominantes, tendem a ser vistos como sinónimo de vinho rosé na região. Mas é claro que há também rosados feitos a partir de várias castas tintas, touriga nacional e vinhão logo à cabeça, mas também outras como alvarelhão e borraçal.

Acontece que, pelas suas características, a casta espadeiro está especialmente vocacionada para vinhos rosados e é, sem dúvidas, a mais apreciada. Por isso, pode mesmo dizer-se que será na sua totalidade vinificada em rosado. E o mesmo se diga da variedade padeiro, também conhecida por padeiro de Basto, já que quase só existe nesta sub-região, e tem, assim, muito menos representatividade no universo dos Vinhos Verdes.

De cor muito aberta e amadurecimento tardio – quase nunca amadurece completamente –, a espadeiro é a casta por excelência para os vinhos rosados da região. Dá origem a vinhos das mais diversas tonalidades, do rosa pálido ao intenso “casca de cebola”, o aroma fresco com notas de frutos silvestre, morango, e até cerejas e frutos tropicais, associados ao sabor frutado intenso e grande frescura e prolongamento final, pelo que não admira a sua predilecção.

Nos últimos anos, o consumo de rosados dos Vinhos Verdes cresceu à volta de cinquenta por cento e o “espadal” é, sem dúvida, o principal responsável. A boa notícia é que está a despertar também a atenção dos enólogos, dos especialistas em vinhos de nicho, que estão a puxar os espadeiros para patamares de excelência.

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Este artigo foi publicado no n.º 9 da revista Singular.

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