Marcelo diz que contratação de médicos cubanos é a “continuação de uma orientação”
Presidente da República recebeu o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, defendeu reforço de relações com Cuba e reiterou a oposição portuguesa ao bloqueio.
O chefe de Estado português defendeu esta sexta-feira um reforço das relações bilaterais com Cuba, que descreveu como "muito constantes", independentemente dos regimes em Portugal, e reiterou a oposição ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos da América.
Marcelo Rebelo de Sousa falava perante a comunicação social, no Palácio de Belém, em Lisboa, tendo ao seu lado o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que recebeu no início da sua visita de Estado a Portugal.
"A nós interessa-nos sobretudo o futuro. E o futuro significa reforçar a amizade, reforçar a cooperação, reforçar a cooperação cultural, a cooperação económica, a cooperação social, a cooperação política e a cooperação diplomática", afirmou.
Na sua intervenção, o Presidente português apoiou "a colaboração com os médicos cubanos em Portugal, no presente como no passado", referindo que já aconteceu anteriormente "com governos de esquerda e de direita".
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou, por isso, que "o memorando acabado de assinar aquando da visita do ministro da Saúde de Portugal a Cuba é a continuidade de uma orientação, que não significa menor importância da formação e do papel único dos médicos portugueses em Portugal, significa que também há lugar para a colaboração com os médicos cubanos em Portugal, no presente como no passado".
"O povo português gosta do povo cubano. Sabemos que o povo cubano gosta do povo português. Logo isso é um princípio de conversa fundamental para as visitas e os contactos recíprocos entre os responsáveis políticos dos dois países, que há mais de cem anos se conhecem, se apreciam e se admiram", considerou.
"Somos dos primeiros países europeus a reconhecerem a independência de Cuba e a manter relações constantes com Cuba, independentemente dos regimes em Portugal, monárquicos, republicanos, autocráticos, democráticos, dos regimes económicos e sociais. Nós, portugueses, somos muito constantes nas nossas amizades", declarou.
No plano multilateral, o Presidente português realçou que Portugal e Cuba estão juntos na comunidade ibero-americana e colaboram nas Nações Unidas, com "uma relação de reciprocidade de apoios, quanto ao Conselho de Segurança, quanto ao Conselho de Direitos Humanos, quanto a organizações internacionais multilaterais".
"E mesmo quando temos pontos de vista diferentes, como acontece no conflito que domina a cena europeia, mas que é um conflito global, mantemos o diálogo multilateral, permanentemente", salientou, em alusão à invasão russa da Ucrânia.
Quanto às relações bilaterais, disse têm sido dados "passos permanentes, apesar da pandemia e apesar das crises económicas", na língua, educação, economia, mas é possível "ir mais longe" em sectores como a ciência, tecnologia, energias renováveis, infra-estruturas e construção.
O chefe de Estado português acrescentou que "é isso que explica a oposição ao bloqueio a Cuba por parte de governos de direita e de esquerda com diferentes presidentes e diferentes primeiros-ministros" em Portugal e a "colaboração internacional quanto à América Latina" entre os dois países.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que esta "é a primeira visita de Estado de um Presidente cubano a Portugal - sendo certo que o comandante Fidel Castro tinha estado aqui em 1998 numa cimeira ibero-americana no Porto", e vem na sequência da sua visita de Estado, igualmente inédita, a Cuba, em 2016, quando o Presidente cubano era Raúl Castro.
"Não esqueço o encontro com o comandante Fidel Castro, que foi dos últimos que ele teve antes do seu falecimento", referiu o chefe de Estado português.
Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Díaz-Canel fizeram declarações perante a comunicação social, após as quais não houve direito a perguntas por parte dos jornalistas.