Comunicar Saúde Mental
Comunicar mais e melhor sobre saúde mental é não só urgente, como uma responsabilidade de todos.
Simone Bales, James Hetfield, Prince Harry, Michelle Obama, António Raminhos, Ana Westerlund, Marisa Matias, e a lista poderia continuar. Estes são os nomes de algumas das figuras públicas que nos últimos dois anos assumiram ter tido algum problema de saúde mental. Não são, no entanto, casos isolados. Neste preciso momento, uma em cada oito pessoas estará a passar por um problema de saúde mental. E uma em cada quatro pessoas irá, em algum momento da vida, passar por um problema de saúde mental. Estes números parecem sugerir que é quase inevitável que todos tenhamos de nos confrontar com este tipo de problema, na primeira pessoa ou na de uma pessoa que nos é querida.
O que fazer com estes dados? Podemos simplesmente resignar-nos e esperar que aconteça. Podemos preparar-nos para o caso de vir a acontecer. Podemos tentar contrariar esta tendência. Se a escolha pender para as duas últimas alternativas, o caminho passa também por comunicar mais e melhor sobre saúde mental. No âmbito da Semana Europeia da Saúde Pública, selecionámos cinco mensagens que consideramos essenciais:
Familiarizar a saúde mental. Com muita frequência, reprimimos emoções negativas, escondemos situações de doença mental, desvalorizamos quem vive com doença mental. O estigma e a vergonha em torno da doença mental continuam a ser uma realidade e o medo de ser rotulado como alguém que não é “forte” e que não consegue “resolver sozinho os seus problemas” contribuem muitas vezes para o isolamento e resistência em procurar ajuda. Conhecer melhor a saúde e a doença mental, falar abertamente sobre isso e ter um maior contacto com quem vive com uma doença mental permitirá reconhecer que a saúde mental deve ser levada a sério e combater mitos e estereótipos. Os testemunhos destas e de outras figuras públicas têm vindo a contribuir para este diálogo através da partilha das suas experiências.
Escolher a saúde mental. Na pressão do dia a dia é relativamente fácil esquecermo-nos de cuidar da nossa saúde mental. Somos todos diferentes e precisamos de coisas diferentes para a nossa saúde mental. Mas há um conjunto de ingredientes que tendem a ser úteis a todos: cuidar de nós, fazer atividade física, comer de forma saudável, dormir bem, fazer coisas que nos dão prazer; socializar e apoiar outros; olhar para os desafios de forma positiva e enfrentá-los com flexibilidade. É verdade que é difícil ter tempo para tudo, mas no momento de escolher as prioridades é importante manter a saúde mental em primeiro plano.
Reconhecer sinais de alarme. Todos nós temos variações na forma como nos sentimos e nem sempre é fácil distinguir quando nos devemos preocupar. A duração de sinais e sintomas, a sua intensidade, o seu impacto no dia a dia e o nível de sofrimento que acarretam constituem pistas importantes para percebermos se estamos perante sinais que nos devem preocupar. Procurar e disponibilizar informação credível sobre o assunto ajudará nesta avaliação.
Procurar ajuda. Para além daquilo que podemos fazer para cuidar de nós, é importante recordar que não precisamos de fazer tudo sozinhos. O apoio dos que nos são próximos pode ajudar-nos a ultrapassar as dificuldades, mas devemos também considerar a ajuda profissional, como profissionais de saúde mental ou o médico assistente. É muito importante conhecer as alternativas de ajuda que estão à nossa disposição.
Formar alianças pela saúde mental. A saúde mental é um ingrediente essencial à nossa vida e ao bem-estar das comunidades onde vivemos. Por isso, para além de cuidarmos da nossa saúde mental, é necessário sermos todos mais ativos pela saúde mental. Estarmos disponíveis para os outros, escutarmos ativamente as suas necessidades e defender o direito de todos à saúde mental permitirá certamente criar um mundo melhor para vivermos.
As cinco mensagens que aqui deixamos procuram contribuir para que possamos modificar a forma como falamos sobre saúde mental, comunicando mais e melhor. Em cada casa, escola, local de trabalho, comunidade podemos contribuir para dar visibilidade à importância vital desta área da nossa vida, capacitando cada um para melhorar a sua saúde mental e a dos que o rodeiam, facilitando o reconhecimento de sinais de alarme e a procura de ajuda, combatendo o estigma e defendendo o direito de cada pessoa à saúde mental. Comunicar mais e melhor sobre saúde mental é não só urgente, como uma responsabilidade de todos.
As autoras escrevem segundo o novo acordo ortográfico
Para mais informação sobre saúde mental: