“Cor, cor, cor” e prazer visual. Teresa Freitas vê o mundo em tons pastel

Seguida por quase 250 mil pessoas no Instagram, a fotógrafa Teresa Freitas cria imagens oníricas, de natureza quase pictórica, que provocam "sensações de estranheza e prazer visual".

©Teresa Freitas
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“Cor, cor, cor. Na arquitectura, nas pessoas, nos objectos.” É cor que a fotógrafa portuguesa Teresa Freitas procura nos locais que percorre, dentro ou fora de Portugal – sobretudo fora, refere em entrevista ao P3. As suas fotografias, em tons pastel e de natureza quase pictórica, descrevem “cenários inesperados” captados em momentos de grande equilíbrio composicional. “Faço por incluir a interacção entre pessoa e espaço, entre linhas e luz, sempre com a cor no papel principal”, explica.

Com formação superior em Belas Artes pela Universidade de Lisboa, Teresa não esconde a influência que a pintura, o cinema ou mesmo a animação tiveram na construção da sua assinatura artística, que tem por base a manipulação cromática e o seu efeito sobre a percepção espacial. “Procuro muito o aspecto pictórico na fotografia final.” O que a influenciou? “Talvez tenha mais que ver com o facto de ter feito um ano em Pintura [na faculdade] e de ter aprofundado as referências de alguns pintores, como Van Gogh ou Helen Frankenthaler. Também há-de existir um papel no subconsciente, de memórias e associações que não sei identificar.”

No plano prático, a fotógrafa dedicou muitas horas “a aprender e a experimentar com software de edição” até alcançar o resultado desejado. O seu momento “eureka”, recorda, deu-se em 2018, numa viagem que fez a São Francisco, nos Estados Unidos. “Consegui equilibrar o conteúdo com o propósito”, observa. “A partir daí, tenho sempre seguido a ideia de fotografar a familiaridade dos sítios e transfigurá-la em algo menos tangível.” O baixo contraste, a aproximação da luz e da sombra e o balanço da cor, em conjugação com os “detalhes paradoxais de tons vibrantes que intrigam o olhar”, como a própria descreveu na Zine bimensal da Setanta Books, publicada em 2022, fazem, invariavelmente, parte da sua “receita” fotográfica.

Existe algo de onírico e, ao mesmo tempo, de estranhamente familiar nas imagens da artista natural e residente em Lisboa. Elas evocam memórias, ou então apenas sensações carregadas de déjà vu, que captam facilmente a atenção de quem as olha. “Há um lado fantasioso e, às vezes, nostálgico que vem com estes tons”, justifica. “A intenção é que tragam uma sensação de estranheza, mas também de prazer visual, que é conseguido pela harmonia e associação da cor. Associamos tons pastel a um estado onírico, gentil e calmo – é graças a eles que conseguimos, muitas vezes, desconstruir um cenário complexo em algo mais fácil de absorver.”

A lisboeta, que é, não raramente, referida como instagrammer, é seguida nessa plataforma digital por quase 250 mil pessoas; foi graças a essa exposição pública que marcas como a Netflix, a Dior, a Pandora, Pantone, DKNY, Huawei, Polaroid a contrataram para a criação de conteúdos para divulgação nas suas redes. “Fotografo pelo prazer que me dá”, conclui. “Por sorte também é o meu trabalho. Fotógrafo para trabalhar e trabalho para fotografar.”

©Teresa Freitas
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