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Azores Bravos Trail: correr as belezas da Terceira a cruzar florestas e por dentro do vulcão
A competição de trail running, com epicentro no Algar do Carvão, prepara-se para a quarta edição, em Outubro, e com número recorde de inscritos. Há vários percursos conforme a vontade, mas o percurso maior do Azores Bravos Trail é feito de cem quilómetros desafiantes.
Lama, nevoeiro, subidas e descidas com pedras e "armadilhas" e a passagem pelo cone vulcânico do Algar do Carvão. Tudo é música para os ouvidos dos atletas que irão disputar mais um Azores Bravos Trail, evento que teve a sua primeira edição em 2020, em plena pandemia, que não impediu que fossem desbravados os trilhos e a beleza das paisagens da Ilha Terceira, e que regressa a 7 de Outubro com número recorde de participantes.
"Toda a gente chega ao fim e diz que é uma prova muito dura, muito dura, mas que é para repetir", explica à Fugas Ricardo Matias, director de prova de um evento que "envolve a ilha toda" e que se orgulha de "promover o bem receber", para além de revelar a identidade e as particularidades da Terceira. Cada corrida é lançada com um foguete. A despedida é celebrada por todos os participantes com um convívio no Parque Municipal do Relvão, à volta de produtos locais. A hospitalidade, para além da paisagem, também é um dos segredos da competição.
Os participantes das diferentes distâncias cruzam-se no Algar do Carvão. Desde a casa abrigo até ao anfiteatro no fundo da gruta são 242 degraus para lá e outros tantos para voltar à superfície. A corrida segue então para os Mistério Negros — onde, aos poucos, a vegetação vai ganhando terreno à rocha vulcânica — e desce à zona balnear dos Biscoitos, conhecida pelas curraletas de vinha, para voltar a subir até à Rocha do Chambre (zona de reserva, aberta neste dia por especial autorização), que empresta a silhueta ao logotipo dos Bravos. Continua a prova pela Caldeira Guilherme Moniz e até à Serra do Morião.
Em 2001, com a repetição do traçado, a organização tinha a noção de que havia "um diamante para lapidar". O trail running — correr e caminhar por trilhos num ambiente selvagem, normalmente em terrenos montanhosos — "tinha chegado à Ilha Lilás para ficar". De 160 atletas na edição inaugural, a corrida contou com 230 corredores.
E para o terceiro ano de prova, graças à experiência acumulada, voltou a aumentar o número de participantes e o trail passou a ligar as duas cidades terceirenses, Praia da Vitória e Angra do Heroísmo, património mundial da humanidade, cujo casco histórico foi atravessado pelos atletas para terminarem as quatro corridas no Relvão, paredes meias com a Fortaleza de São João Baptista, e de olhos postos na Baía das Descobertas.
Para 2023, o desafio dos cem quilómetros — que já conta para as principais competições nacionais — terá a maior participação da sua curta história, tendo há dias sido ultrapassado o recorde de 313 inscritos. Este percurso maior, que começa e termina junto ao mar, desenvolve-se maioritariamente por trilhos interiores.
O Azores Bravos Trail conta ainda com provas de 65, 35 e 15 quilómetros.