Esculturas da exposição In Vitro jazem amontoadas em espaço da Câmara de Aveiro
Obras de arte, que estavam espalhadas em várias artérias e praças, estão degradadas e a autarquia aveirense ainda não decidiu o que irá fazer com elas.
As esculturas da autoria do artista Luís Queimadela que, durante anos, ocuparam várias ruas e praças da cidade de Aveiro jazem agora num terreno dos armazéns da Câmara Municipal de Aveiro, em Taboeira, amontoadas e visivelmente danificadas. As obras de arte faziam parte da mostra In Vitro, promovida no âmbito das comemorações dos 250 anos da cidade de Aveiro, em 2009. A autarquia justifica a sua opção em retirá-las do espaço público por se encontrarem “bastante degradadas” e ainda não decidiu que destino lhes irá dar. O artista mostra-se entristecido com a situação.
As peças em causa - eram 14, no total - estiveram expostas um pouco por toda a cidade, nomeadamente na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, no Rossio, na Praça Marquês de Pombal, junto ao Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, Museu de Aveiro e no largo do Mercado Manuel Firmino, entre outros espaços, mas acabaram por degradar-se “por falta de manutenção”, argumentou o autarca aveirense, Ribau Esteves.
Contactado pelo PÚBLICO, o artista Luís Queimadela garante ter apresentado “um orçamento para restaurar as peças”, mas a proposta “acabou por ficar em stand by”, culminando neste cenário de difícil reversão.
A decisão da câmara passou por retirá-las do espaço público e colocá-las em depósito num espaço dos armazéns da autarquia. “E, neste momento, ainda estamos a ponderar o que lhes vamos fazer”, acrescentou Ribau Esteves, sem adiantar mais pormenores relativamente a este caso.
Luís Queimadela lamentou a situação, referindo que o que esteve em causa não foi apenas um cenário de degradação. “Várias daquelas peças foram vandalizadas, outras foram roubadas”, denunciou o artista natural de Coimbra e que se fixou em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu.
Luís Queimadela encontra-se representado em Viseu, bem como em Coimbra, São João da Madeira, Castelo de Paiva, Vila Pouca de Aguiar, Sernancelhe, Vouzela, São Pedro do Sul, Carvalhais e Oliveira do Hospital. “São mais de 50 peças públicas”, declarou.
Melhor sorte parece estar já garantida para as obras das várias edições da Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro: irão encontrar morada no edifício da antiga biblioteca municipal que irá ser requalificado e transformado em museu da bienal. “O projecto está já a ser feito pelo arquitecto João Mendes Ribeiro e será apresentado publicamente no início da edição deste ano da Bienal, no final do próximo mês de Outubro”, revelou o presidente da autarquia.
Depois de ser adaptado às novas funções, o imóvel, que está virado a Rua José Estêvão e para a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, passará a albergar as peças premiadas de todas as edições do certame lançado em 1989, levando a que a marca da bienal de cerâmica artística não se cinja à data de realização do evento.