Quando ainda tudo é possível
Uma criança é incentivada a não ter receio de se lançar ao futuro. “Queres voar? De que precisas?”
Um livro sobre o crescimento (bem) acompanhado por adultos. Escuta-se a fala em discurso directo para a criança, em que se a motiva para a descoberta, para a ousadia, até mesmo para experiências arriscadas. Altos voos, quando ainda tudo é possível.
Numa linguagem simples e poética, respeita-se a singularidade de cada criança, protegendo-a ao mesmo tempo que se lhe dá asas. Um equilíbrio nem sempre fácil de alcançar pelos adultos que têm miúdos a cargo.
“Queres voar? Dou-te o céu e o vento a soprar”, diz-se logo de início, para assim continuar: “Dou-te uma pena e uma avioneta, e a asa de uma borboleta.”
Outros desejos imaginados são prontamente satisfeitos pela voz adulta sempre presente e cuidadora. “Se tiveres fome, dou-te o fruto de que mais gostas. E se sentires comichão, dou-te uma coçadela nas costas.”
Como diz a editora, há aqui “um louvor à infância” e uma “mensagem de amor incondicional”. Os mais velhos dão uma ajuda mas não se substituem à criança que descobre o mundo e se afoita em novas aventuras. Assim é que deve ser.
“Queres voar? De que precisas? Do céu, de uma canção, de um mapa, de um beijo? Vou dar-te uma ajuda para concretizares os teus sonhos. E não te esqueças de que podes sempre voltar!”
Julie Fogliano é autora do New York Times e best-seller de livros para crianças. Já recebeu o Ezra Jack Keats Award, duas vezes, o Horn Book Award Honoree e o prémio Claudia Lewis de poesia.
Os seus livros estão traduzidos em mais de dez línguas. Vive no vale do rio Hudson, no estado de Nova Iorque (EUA), com o marido e três filhos. Descrição oficial: “Quando não está a dobrar roupa ou a pensar no que fazer para o jantar, está a olhar pela janela à espera de uma ideia de livro para voar.” Bendita janela.
Christian Robinson, o ilustrador que acrescenta pormenores e poesia visual ao texto, nasceu em Hollywood, Califórnia, também nos Estados Unidos da América. “Cresceu num pequeno apartamento de um quarto com o seu irmão, dois primos, uma tia e uma avó. O desenho tornou-se uma forma de criar espaço para si próprio e de criar o tipo de mundo que ele queria ver”, pode ler-se num breve registo autobiográfico.
Antes de se tornar ilustrador de livros para crianças, estudou Animação no Instituto de Artes da Califórnia e trabalhou com o Sesame Workshop e os Estúdios de Animação da Pixar.
Da sua publicação de livros fazem parte Gaston (com texto de Kelly DiPucchio) e a Última Paragem (escrito por Matt de la Peña), que recebeu uma Caldecott Honor, uma Coretta Scott King Illustrator Honor e a Newbery Medal. Actualmente, vive no norte da Califórnia com o seu galgo “Baldwin” e várias plantas. “Aguarda com expectativa um dia para ver a aurora boreal”, revela-se na sua apresentação.
Uma dupla bastante premiada que aqui nos convoca para a liberdade de escolha, para a aventura, sem descurar protecção e colo.
“Dou-te também um cobertor, um sonho e um beijinho de alguém que te ama./ E ainda uma almofada e uma canção de embalar na hora de ires para a cama.” Como não aceitar?
“E se te apetecer chorar, dou-te um lenço e um ombro amigo para te amparar.”
Grandes voos esperam quem assim é acarinhado.