Há muitos atributos e características associadas à região mais a Sul do país, desde logo o sol, a praia e até a gastronomia, mas poucos serão aqueles que colocam os vinhos que por lá se fazem no topo da lista, apesar de em terras algarvias haver registos de produção vinícola desde tempos ancestrais. A Algarve Wine Tourism acaba de ser lançada precisamente para tentar mudar esse paradigma.
É uma rota que adapta e reformula a Rota dos Vinhos do Algarve (de 2014), emprestando-lhe uma roupagem “própria do século XXI”, adianta ao Terroir Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola local. Desde logo pelo nome. “Wine Tourism é das expressões mais procuradas na Internet. Estamos também a pensar no público internacional."
Sara Silva não enjeita, contudo, o público português e acrescenta que este é um projecto diferenciador entre nós. “Ao contrário de outras regiões, não queremos necessariamente chamar as pessoas para fazer enoturismo, mas dizer-lhes que, estando cá, existem bons vinhos e um roteiro integrado à volta do mesmo. O vinho é um produto, mas estamos a oferecer uma experiência”, assegura.
Três tipologias de experiências (gastronomia, lazer e património) materializam-se através do site Algarve Wine Tourism. A oferta ainda é relativamente curta — estão lá as tradicionais provas de vinhos, passeios de jipe ou de buggy pelas vinhas, visitas guiadas ou passeios de barco —, mas a tendência é para crescer. Para reservar os programas sugeridos, basta aceder à página de cada experiência e contactar directamente o parceiro.
Num país que, há muito, aposta neste sector, não chegará esta oferta com alguns anos de atraso? A responsável garante que não, que “chega no momento certo” e especifica. “O preço de venda por litro do vinho da região é o mais elevado do país, o turismo continua a crescer e Portugal já é uma referência no enoturismo a nível mundial. Acredito que estão reunidas todas as condições para que o projecto seja um sucesso.”
A responsável refere ainda que “a unicidade da região vitivinícola do Algarve deve-se, além do seu terroir, à diversidade dos seus produtores”. “Cerca de 40 por cento dos nossos produtores são estrangeiros e isso faz com que sejam vinhos autênticos, mas heterogéneos”, conclui.
Aposta concertada com Turismo do Algarve
A notícia da nova rota surge poucos dias antes da Wine & Travel Week, que decorre de 20 a 26 de Fevereiro, na Alfândega do Porto e no Palácio da Bolsa, na Invicta. Um evento em que os responsáveis algarvios parecem apostar forte e onde estarão presentes nos dias 21 e 22 com um espaço partilhado pelo Turismo do Algarve e a Comissão Vitivinícola. Na feira para profissionais, Albufeira, Lagoa e Portimão terão stands próprios, enquanto a marca Algarve Golden Terroir terá o seu próprio espaço.
Recorde-se que os municípios de Lagoa, Albufeira, Lagos e Silves se candidataram a Cidade Europeia do Vinho 2023, evento que está por agora entregue ao Douro.
O presidente do Turismo do Algarve garante, também ele, que o sector se desenvolveu muito na última década e explica que há, por isso, “que potenciar o cross selling entre vinho e turismo, não só aproveitando os canais da hotelaria e da restauração para escoar a colheita regional, dando-a a conhecer aos turistas, mas também promovendo-se enquanto destino de enoturismo dentro e fora de portas”.
João Fernandes refere ainda que o Algarve “é uma das mais promissoras regiões produtoras de vinho do país, pelo terroir único, pela elevada incidência de exposição solar e pelo tempero do Atlântico”. E tem mais de três dezenas de produtores que “lançam para o mercado vinhos tranquilos brancos, rosados e tintos, e ainda licorosos e espumantes”, conclui.