Fotografia
Na Terra Prometida, o turismo de massas e o sofrimento da guerra vivem de mãos dadas
Roger Grasas encontrou lugares sagrados que coabitam com o jugo do "poder feroz exercido pelo capitalismo". Para ver nos Encontros da Imagem, até dia 30 de Outubro.
Ao longo de sete anos, o fotógrafo espanhol Roger Grasas percorreu sete países, Israel, Palestina, Egipto, Líbano, Jordânia, Síria e Turquia, em busca dos locais onde, segundo arqueólogos e historiadores, decorreram os eventos mais significativos descritos na Bíblia. O que encontrou, pode ler-se na sinopse do projecto Ha Aretz (que significa A Terra Prometida, em aramaico), presentemente em exposição nos Encontros da Imagem, foram lugares marcados pelo "poder feroz exercido pelo capitalismo, pela tecnologia e pela guerra".
Na região que muitos apelidam de "berço da civilização", onde as culturas cristã, judaica e árabe reconhecem as suas origens, Grasas quis investigar "o papel da fé e da espiritualidade num mundo global marcado pela alienação, pelo consumismo, pela tecnologia e pelo conflito bélico". O fotógrafo natural de Barcelona explica à Wired que "quis ver como, após 20 a 30 séculos, as civilizações [da região] evoluíram".
No vídeo realizado por Grasas durante as várias expedições, o que salta à vista é a presença maciça de turistas religiosos. Nas imagens que captou, por sua vez, é notória a presença de grandes cadeias multinacionais nas imediações de grandes monumentos, de vestígios bélicos e de estruturas que parecem saídas de um parque de diversões. "De Nazaré a Belém, da Península do Sinai à Babilónia, e do Rio Nilo ao Mar Morto, as principais regiões dos Livros Sagrados existem puramente como espaços mercantilizados de lazer e de sofrimento dentro de um mundo de fronteiras consagradas", pode ler-se na sinopse do projecto que está patente até dia 30 de Outubro, no Mosteiro de Tibães, em Braga.