Exposição prolongada à luz azul pode acelerar o envelhecimento, diz novo estudo

Os investigadores observam o envelhecimento das células nas moscas da fruta durante duas semanas. As que estavam expostas à luz azul envelheceram mais depressa.

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Os efeitos da luz azul nos humanos deverão ser semelhantes às moscas Unsplash/Amanda Dalbjorn

Não é novidade que uma intensa exposição à luz azul não é benéfica para a saúde, mas um novo estudo dá conta que passar demasiado tempo à frente de ecrãs está ligado a problemas de obesidade, patologias do foro psicológico e um envelhecimento mais acelerado. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Aging . Qual é o veredicto? Evite a luz azul se quer parecer jovem durante mais tempo.

Foi isso que os investigadores concluíram ao observar as moscas da fruta depois de uma exposição prolongada à luz azul. No caso dos humanos, este tipo de luz chega das televisões, ecrãs de computadores e telemóveis, por exemplo. Os níveis de metabolitos destes insectos ─ químicos essenciais ao bom funcionamento das células ─ são alterados perante esta exposição.

“A excessiva exposição da luz azul nos dispositivos que usamos no dia-a-dia pode ter um efeito de deterioração numa variedade de células do nosso corpo, da pele às células responsáveis pela gordura, sem esquecer os neurónios sensoriais”, explica o professor Jadwiga Giebultowicz do Departamento de Biologia Integrativa na Universidade de Oregon, um dos autores do estudo. “Somos os primeiros a mostrar que os níveis dos metabolitos específicos são alterados nas moscas da fruta expostas à luz azul”, destaca o investigador, em comunicado.

Os investigadores de Oregon notaram que as moscas da fruta exposta a essa luz “activam” os genes de protecção e as que foram mantidas na escuridão viviam mais tempo. Giebultowicz esclarece: “Para compreender por que a luz azul de elevada energia é responsável por acelerar o envelhecimento, comparamos os níveis de metabolitos das moscas expostas à luz durante duas semanas com as que foram mantidas na escuridão durante o mesmo período de tempo.”

Especificamente, os cientistas analisaram o aumento dos níveis de ácido succínico e a diminuição do ácido glutâmico. “O ácido succínico é essencial para produzir o combustível para o funcionamento e crescimento de cada célula. O nível elevado deste ácido na sequência da exposição à luz azul pode ser comparado ao combustível a ser injectado, mas sem chegar ao motor de um carro”, compara o professor de biologia integrativa. Já o ácido glutâmico, “uma das moléculas responsáveis pela comunicação neurónios”, “baixa após a exposição à luz azul”.

Das moscas para os humanos

As alterações registadas pelos cientistas sugerem que as células neste estado de funcionamento morrem mais cedo, o que poderá explicar o envelhecimento precoce causado pela luz azul. “Os ecrãs led tornaram-se a principal forma de iluminação de vários dispositivos, mas também invadiram a luz ambiente. Por isso, os humanos nas sociedades desenvolvidas estão expostos à luz azul durante a maior parte do tempo em que estão acordados”, lamenta Giebultowicz.

Ainda que os investigadores reconheçam que os efeitos nos humanos possam não ser tão dramáticos quanto nas moscas da fruta ─ já que estamos expostos a uma luz menos intensa do que na experiência ─ os cientistas querem explorar os possíveis resultados. “É necessária investigação futura com células humanas para determinar até que extensão as mudanças serão semelhantes nos metabolitos envolvidos na produção de energia em resposta à luz azul”, conclui o responsável pelo estudo.

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