Taiwan quer que fornecedora da Apple desista de investimento em empresa de chips chinesa
As autoridades de Taiwan temem que o acordo entre a Foxconn e a chinesa Tshinghua Unigroup funcione como uma porta de entrada para espionagem de Pequim. A informação foi avançada pelo jornal britânico Financial Times .
Taiwan está a pressionar a Foxconn, que é uma das grandes fornecedoras de componentes da norte-americana Apple, a romper o investimento na tecnológica chinesa Tsinghua Unigroup. A informação foi avançada esta semana pelo jornal britânico Financial Times que cita membros do governo de Taipé envolvidos em matéria de segurança nacional. Em causa estão receios de espionagem a par do aumento da tensão política entre Pequim e Taipé.
Em Julho, a Foxconn anunciou um investimento de 800 milhões de dólares (775 milhões de euros à taxa de câmbio actual) na Tsinghua Unigroup que é uma das grandes fabricantes de semicondutores ("chips") da China. Com o investimento, a Foxconn, cuja sede é em Taiwan, tornar-se-ia na segunda maior accionista do Tsinghua Unigroup numa altura em que a China está a tentar impulsionar o seu negócio de semicondutores para aumentar a competição tecnológica com o Ocidente.
Taiwan é actualmente um dos principais fabricantes de semicondutores de todo o mundo. Segundo um relatório de 2021 da consultora Boston Consulting, a produção dos semicondutores mais avançados do mundo ocorre na Coreia do Sul (8%) e em Taiwan (92%). Nos últimos anos, o governo de Taipé tornou-se mais cauteloso quanto à ambição de Pequim para impulsionar o seu próprio sector de semicondutores, propondo leis para evitar espionagem tecnológica e reduzir parcerias com empresas da China. Apesar do investimento na área, Pequim ainda importa 60% dos chips que usa segundo dados de 2021 da analista de mercado IC Insights.
O acordo entre a Foxconn e a Tsinghua Unigroup já tinha desencadeado alertas da comissão de investimento do ministério da Economia de Taiwan que diz que a Foxconn podia ser multada (até 806 mil euros) por não ter pedido autorização para a transacção.
O PÚBLICO tentou contactar a Foxconn e o Tsinghua Unigroup para mais informações, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo.