Vindimas no Alentejo arrancam envoltas em incerteza por causa da seca

As vindimas no Alentejo já começaram, mas a quantidade e a qualidade da produção ainda são incertas, por causa da seca e temperaturas elevadas das últimas semanas.

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Patrícia Martins

As vindimas no Alentejo já começaram, mas a quantidade e a qualidade da produção ainda são incertas, porque “as condições não foram as melhores”, devido à seca e temperaturas elevadas, avisou esta segunda-feira o presidente da comissão vitivinícola.

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, considera que, para a vinha, “as condições não foram as melhores, por causa do calor e por haver pouca água no solo”.

Com “menos humidade na terra”, devido à seca, não haverá “cachos cheios”, assinalou em declarações à Lisa, notando, porém, que este até pode ser “um factor positivo”, por poder gerar “uvas mais concentradas”, para um ano vitivinícola de boa qualidade.

Segundo o responsável, a CVRA comunicou este ano ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) uma estimativa de produção “entre menos 5 por cento e mais 5 por cento” em relação ao ano passado, a partir de uma previsão com “base no pólen” feita pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

“Essa previsão apontou para um número bom de cachos, só que nós tivemos menos água”, explicou Francisco Mateus. Ou seja, até Junho, choveu “menos 50 por cento do que era normal”, pelo que “o peso de cada cacho vai ser menor, por causa da [falta de] água”.

Adiantando que a estimativa da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto é do “início de Julho”, o presidente da CVRA observou que, nessa altura, ainda não tinham ocorrido os dias de maior calor e faltavam cinco semanas para o arranque das vindimas. “É, de facto, uma previsão que não nos dá para estarmos nem a estimar um aumento, nem a estimar uma diminuição da produção, precisamente, por essa incerteza de todos os dados que estão em cima da mesa”, frisou. Só “quando as uvas forem esmagadas” se saberá “o rendimento de transformação”.

Devido ao calor extremo, ocorrido sobretudo em Julho, já se registaram “alguns choques de escaldão no Alentejo”, mas estes casos, “à partida, não são nada de preocupante”, avançou Francisco Mateus. De acordo com o responsável, alguns produtores do Alentejo deram início à vindima no final de Julho e outros irão fazê-lo durante este mês, num processo que se prolonga durante cerca de dez semanas. “Normalmente, a vindima no Alentejo começa de Sul para Norte e de Este para Oeste”, apontou.

Segundo Francisco Mateus, em 2021, foram produzidos no Alentejo “126 milhões de litros” de vinho, sendo esta “a produção mais alta dos últimos 30 anos”.

A CVRA foi criada em 1989 e é responsável pela protecção e defesa da Denominação de Origem Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano, certificação e controlo da origem e qualidade, promoção e fomento da sustentabilidade. Numa região que é líder nacional em vinhos certificados, com cerca de 40 por cento de valor total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal.

Com uma área de vinha de 23,3 mil de hectares, 30 por cento da produção do Alentejo tem como destino a exportação para cinco destinos principais, designadamente Brasil, Suíça, Estados Unidos da América, Reino Unido e Polónia.

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